Nem a Taça da Liga escapa à crise do tetracampeão
As contas são fáceis de fazer e números são números, não enganam. O Benfica, com exceção de Svilar, Rúben Dias, Samaris e Zivkovic, entrou com o seu melhor onze. O Portimonense, em relação à equipa que perdeu em Alvalade, manteve três futebolistas: Pedro Sá, Paulinho e Wellington.
Posto isto, até porque Vítor Oliveira tinha admitido que este era um jogo importante para recuperar jogadores e dar minutos aos menos utilizados, pensava-se que o Benfica iria jogar para ganhar folgadamente. E até entrou bem com um golo de Jonas logo aos 52 segundos, numa jogada muito bem urdida entre Zivkovic e Grimaldo, com este último a cruzar.
Mas a partir daí aconteceu o que tem sucedido nesta temporada, o Benfica acomodou-se ao resultado e começou a ver o Portimonense jogar e a explanar o seu futebol. Svilar e Lisandro impediram o empate dos algarvios, que dominavam os acontecimentos, muito por força do menor rendimento de Pizzi e Krovinovic no meio-campo, em especial do croata, talvez devido à ausência de Fejsa, ontem rendido por Samaris.
E sem merecer muito, o Benfica até fez o 2-0, por Lisandro, com um cabeceamento ao segundo poste após um canto bem marcado por Pizzi. Este lance foi apenas um parênteses no bom futebol exibido pelos algarvios, não se notando em momento algum estarem em campo segundas opções, o que comprova a qualidade do plantel do Portimonense. De tal maneira que antes do intervalo Paulinho atirou ao poste após mais uma defesa de Svilar a remate de Tabata.
Svilar, réu ou vítima?
O resultado no final dos primeiros 45 minutos era pesado para o Portimonense, mas poucos imaginariam o que se iria passar na segunda parte. Logo a abrir, Pires reduziu de cabeça após livre da direita. O ponta-de-lança fugiu à marcação mas Svilar devia ter saído. Contudo, o 2-2 serve de reflexão. O jovem Keaton Parks cedeu ingenuamente um canto e na sequência Pires rematou para defesa de Svilar, que se limitou a afastar a bola para a sua frente. Jadson, mais rápido, fez o empate. Com alguma justiça, cruzando o mérito do Portimonense com o demérito do Benfica.
Svilar pode querer ser titular de uma grande equipa, pode fazer essa e outras exigências, pode até ser elogiado por José Mourinho, mas não está preparado para ser titular do Benfica, possivelmente nem para ser o suplente do campeão nacional. Precisa de jogar, mas a um nível mais baixo e sem tanta pressão. Mas fica a pergunta: será Svilar réu ou vítima? O mesmo podíamos questionar em relação a Keaton Parks ou a Rúben Dias, que ontem colecionou faltas desnecessárias, mas Svilar, pelo rol de erros cometidos - não só neste jogo - está num campeonato à parte.
E a segunda parte do Benfica é fraca, não há outra forma de dizer isto. A crise é evidente, não escapa à Taça da Liga e leva-nos a pensar que a primeira parte de Vila do Conde e o jogo de Tondela terão sido meros acasos - Pepa não gostou nada da apatia dos seus jogadores.
Ontem sabia-se que a Taça da Liga era importantíssima pela simples razão de que já não há Europa nem Taça de Portugal, mas os jogadores não reagiram, apesar da boa entrada e da vantagem ao intervalo. Ao Benfica resta agora esperar que o V. Setúbal não triunfe amanhã diante do Sp. Braga, pois caso o façam qualificam-se para a final four.
Uma última nota; dos dez encontros realizados a meio da semana nesta época, o Benfica venceu apenas um, na primeira jornada da Liga diante do Sporting de Braga. Pode ser apenas uma curiosidade... ou não.