Nelson Oliveira quer ficar no top 10 do contrarrelógio

Nelson Oliveira tem uma questão de segundos para resolver com o cronómetro nos Mundiais de Ponferrada e, para isso, o ciclista português preparou-se como nunca com a mira apontada ao "top 10".
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O currículo do jovem de Anadia no contrarrelógio impressiona, mas há uma meta que o oito vezes campeão nacional da especialidade (de cadetes, em 2004 e 2005, de juniores em 2006, de sub-23 em 2008, 2009 e 2010, e de elite em 2011 e 2014) e vice-campeão mundial de sub-23 (2009) procura incessantemente há alguns anos: entrar nos dez melhores num campeonato do Mundo.

E esta quarta-feira o momento pode, finalmente, chegar. Pelo menos, Nelson Oliveira tudo fez para anular os segundos, poucos (15 apenas), que em Florença2013 o deixaram na 15.ª posição.

"Já desde o Tour que tenho vindo a trabalhar todos os dias para preparar o contrarrelógio, que é nisso que me tenho vindo a focar. Sei que trabalhei muito, que estou numa boa condição, agora espero que na quarta-feira o resultado desse trabalho todo que tenho vindo a fazer se traduza na melhoria desses segundos. Vou esperar que esteja num bom dia para que as coisas corram bem", começou por dizer à Agência Lusa.

Sem querer revelar muitos pormenores do plano para entrar sem reservas no "top 10", o duplo campeão nacional (também é de estrada) contou que fez um trabalho "mais específico com a "cabra", "umas séries completamente diferentes", "mais duras", para tentar melhorar alguns aspetos que não foram tão bem conseguidos no ano passado.

No trabalho específico, Oliveira visitou o "vizinho" Velódromo de Sangalhos, uma vez por semana desde o Tour, levando consigo a sua "cabra", nome pelo qual é conhecida a bicicleta de contrarrelógio, procurando limar nas pistas as arestas, ou melhor, os segundos da estrada.

Para conseguir o seu objetivo, o ciclista da Lampre-Merida, que no ano passado passou meia hora sentado na chamada "cadeira quente" com o melhor registo, sabe que tem de chegar a quarta-feira, dia do crono de 47,1 quilómetros em Ponferrada2014, "com a cabeça fresca", sem estar nervoso.

"Simplesmente estar num bom dia, com capacidade para sofrer, porque vai ser uma hora de sofrimento bastante longa. Mas, principalmente, tenho de tentar dormir bem e estar num bom dia", simplificou.

Fã de Fabian Cancellara, com quem se cruzou nos seus anos na RadioShack e que ainda é o recordista de títulos mundiais de contrarrelógio (4) e Miguel Indurain, ex-ciclista espanhol que venceu por cinco vezes o Tour, Oliveira olha para os inscritos na prova destes mundiais e identifica dois potenciais vencedores, o tricampeão mundial Tony Martin e o campeão olímpico Bradley Wiggins.

Sobre o domínio do alemão, que conquistou o ouro nas últimas três edições, o português admitiu que se deve a "qualidades naturais" do ciclista da Omega Pharma-Quickstep.

"Mas ele [Martin] também, por exemplo, há três, quatro anos, estava no mesmo patamar que estou agora. Com os anos também vamos ganhando experiência, vamos evoluindo como ciclistas, vamos ganhando maturidade. E penso que isso é que faz diferença num contrarrelogista. Claro que nasce connosco, só temos de aperfeiçoar esse trabalho", completou.

Nelson Oliveira nasceu contrarrelogista ou, pelo menos, descobriu muito cedo que esse era o caminho a percorrer - "os meus treinadores perceberam, mas eu também percebi, principalmente quando fui campeão nacional pela primeira vez, em cadetes de primeiro ano". Na quarta-feira, terá, uma vez mais, hipótese de demonstrar o mundo aquilo e que ele e Portugal estão cansados de saber.

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