Natal dos Hospitais: "Era um cartão-de-visita para as festas do ano seguinte."
Lembra-se da primeira vez em que participou no Natal dos Hospitais?
Tenho participado sempre e desde há muitos anos, não me consigo lembrar qual foi o primeiro espetáculo. Penso que comecei a participar já como Ágata, não me lembro de ter participado quando estava nas Cocktail nem das Doce. O Natal dos Hospitais sempre foi um momento para apresentar os meus trabalhos. Quando vivia em Chaves ia ao Hospital de São João, quando estava em Lisboa ia ao Hospital de Alcoitão.
O que é que representava nessa altura para os artistas?
Era talvez um cartão-de-visita para as festas que se estavam a preparar para o ano seguinte. Os artistas que desfilavam no Natal dos Hospitais funcionavam como um cartaz de apresentação às comissões de festas, aos organizadores dos espetáculos. Tinham acesso a essas gravações e era mais fácil. Naquele tempo não havia o movimento que há hoje a nível de videoclips, etc. Hoje, as tecnologias estão mais avançadas, as pessoas já sabem o que querem, mas naquela época as coisas aconteciam desta maneira.
Uma espécie de lançamento de carreiras?
Não diria isso, porque normalmente escolhem artistas com certo nome, tem sido sempre assim.
E o que é que representa hoje?
Continua a ser um grande momento, ainda tem bastante peso. Conheço pessoas que não são convidadas e ficam ofendidas pelo facto de não participarem. Só que hoje em dia já não existem apenas 20 ou 30 artistas como antigamente, há uma catrefada de nomes e não é fácil levar todos.
O que é mais importante neste dia?
Faço muito gosto em participar até pelo espírito que existe em torno desta iniciativa, além de que gosto muito do Natal. É importante para quem está nos hospitais e para quem está em casa. As pessoas estão sempre à espera de ver o Natal dos Hospitais porque tem outra dinâmica, é um espetáculo diferente. Nos últimos anos, tenho procurado gravar sempre um tema de Natal, acho que faz todo o sentido.
Qual é a canção deste ano?
Sorrir e Sonhar, já gravei e a contar com o Natal dos Hospitais.
Como tem passado estes tempos de pandemia?
Tenho-me reinventado. Abri um espaço de terapias alternativas, na Praça de Londres, em Lisboa, e estou a lançar o meu álbum em espanhol, que está a ser muito bem aceite, chama-se Passión. Saiu o CD e vai sair em vinil, um LP.
O espaço de terapias é uma incursão da Ágata no meio empresarial?
Sempre fui muito ligada à espiritualidade e, quando comecei a ter mais tempo disponível, abri um centro onde pudesse ter a oportunidade de ajudar quem precisa, disponibilizando algumas terapias para as pessoas tratarem não só do corpo como também do espírito. Era uma ideia em que andava a pensar há algum tempo e coincidiu com a pandemia. O centro abriu em março, chama-se Essência da Vida.
A Ágata também dá consultas?
Sou reikiana, mas só faço sessões com quem me pede, com quem tenha gosto que seja eu, faço com todo o prazer. Tenho uma terapeuta especializada em reiki e que integra outras técnicas, o centro tem profissionais em várias áreas: acupuntura, osteopatia, etc.
As consultas são presenciais ou online?
Temos as duas formas, por exemplo, as consultas de tarot e psicoterapia são online; a leitura da aura é presencial. Temos todos os cuidados de segurança e de higiene para que as pessoas possam estar tranquilas e sentirem-se seguras em relação à covid.
A pandemia leva as pessoas a procurarem mais essas ajudas?
Sim, as pessoas procuram-nos bastante. Sentem necessidade de cuidar não só do físico mas também do organismo, de ter o sistema imunitário fortalecido. Nesta altura, é importante termos as bases necessárias para manter o corpo preparado para não apanhar nada.
Cancelou muitos espetáculos, conseguiu reagendar?
Cancelei muitos espetáculos, mas só fiz contas até maio, depois nem quis saber. Tinha nove concertos entre março e maio, não eram muitos mas eram alguns. Ainda não reagendei, não sabemos como vai ser o futuro.
Quais são os projetos para 2021?
Neste momento, estou a viver um dia de cada vez, não tenho projetos, tenho o meu espetáculo no Coliseu dos Recreios que ainda penso organizar. É o espetáculo de 46 anos de carreira e que estava marcado para 17 de outubro deste ano, não faço ideia quando será. Com a pandemia, tudo se alterou, tudo mudou, estamos à espera, a ver qual é o rumo que a vida terá, o que vai acontecer.
Está otimista?
Sinceramente, não estou nada otimista e até sou uma pessoa otimista. Quero acreditar que as coisas vão melhorar mas acho que a covid vai continuar por mais algum tempo.