Formados em 1966, em pleno apogeu do tropicalismo, os Mutantes foram durante anos a face mais rock deste movimento artístico, fundado por Caetano Veloso, Tom Zé, Gilberto Gil em plena ditadura militar e que haveria de mudar para sempre a história da música popular brasileira. Com um pop-rock tão barroco quanto psicadélico, inspirado pelo experimentalismo que então ditava as tendências nos Estados Unidos e em Inglaterra, a banda formada em São Paulo por Arnaldo Baptista, Rita Lee e Sérgio Dias nunca deixou no entanto de incorporar na sua música todo o tipo de influências do seu país natal. Foi esta sonoridade única que lhes garantiu um lugar na história: Primeiro no Brasil, onde foram uma das mais populares bandas das décadas de 60 e 70, e mais tarde, em especial a partir dos anos 90, no resto do mundo, por via de nomes tão insuspeitos como Beck, David Byrne ou Kurt Cobain, que sempre os nomearam como uma referência. O fim chegaria em 1978, já sem Rita Lee e Arnaldo Baptista, que haviam abandonado anos antes, mas o legado de Os Mutantes continuaria bem vivo, como se comprovou em 2006, com o regresso da banda aos palcos, durante uma homenagem na mostra Tropicália - A Revolution in Brazilian Culture, no Barbican Hall, em Londres, então com a cantora Zélia Duncan como vocalista. E o que era para ser um simples concerto de celebração acabou por se tornar uma nova vida para Os Mutantes, que sob a liderança do guitarrista Sérgio Dias voltaria à estrada com uma nova formação, na qual se inclui ainda o veterano baterista Dinho Leme, que integrou o coletivo em 1968. Com os concertos vieram também os discos: primeiro Haih or Amortecedor (2009) e depois com Fool Metal Jack (2013), que servem agora de pretexto para mais esta visita a Portugal, com dois concertos em Lisboa e Porto que "são muito mais do que um mero celebrar do passado", como afirmou Sérgio Dias, 64 anos, neste entrevista ao DN, dada por telefone desde Israel, onde tocara na noite anterior..Leia mais na edição impressa ou no e-paper do DN