Não há poder político forte com julgamentos nos media

Rui Rio considera que "não é possível termos um poder político forte e capaz quando na comunicação social as pessoas são denegridas permanentemente e são julgadas na praça pública de uma forma perfeitamente arbitrária".
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Para o presidente da câmara do Porto, que falava na noite de sexta-feira, num hotel do Luso, concelho da Mealhada, numa sessão do encontro "Aveiro em formação", promovido pela JSD do distrito de Aveiro, com aquelas "chacinas na praça pública", está-se "a matar a democracia". Já lá vai o tempo em que "eu achava graça" quando era vítima daquele comportamento "alguém de quem eu não gostava", confessou o Rui Rio, sublinhando que "o mal que estamos a fazer à sociedade é de tal ordem" que todos vão sofrer as consequências "daquilo que está a ser feito" pelos media.

"Não pode ser assim, há sedes próprias" para julgar as pessoas, "não podemos ter espetáculo", apelou o autarca, acusando de ser "o próprio sistema judicial a avisar a comunicação social" para captar imagens e para "ver o circo". De "pequenos fragmentos de verdade fazem-se grandes mentiras e é isso que quase todos os dias somos obrigados" a ler, a ver e a ouvir, de tal modo que "nem se percebe que é verdade quando efetivamente é verdade" aquilo que é noticiado.

"A comunicação social estragou um dos mais importantes poderes da democracia, que é o seu próprio poder de conferir transparência", acusa o presidente da câmara e da Junta Metropolitana do Porto. "Dá para boatos, dá para mentiras, dá para fazer tudo" na comunicação social e, assim, "há cada vez há menos pessoas disponíveis para aturar isto", para assumirem lugares públicos e cargos políticos, salienta. Depois de referir um comentário de um juiz num julgamento de um político, considerando que "quem não suporta o calor não vai para a cozinha", Rui Rio conclui que, "então, só teremos na política quem suporta o calor, quem acha que ir para a vida pública é para ser insultado".

Não é possível, defende o autarca, "construir um poder político credível, competente e forte com este caldo de cultura" e impõe-se "responsabilizar a comunicação social" pelo seu comportamento.

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