Não é um milagre
A Torah está repleta de histórias de milagres que as comunidades judaicas celebram todos os anos. Só que, em Israel, não basta acreditar em milagres. Temos de sonhar, de trabalhar duro para fazer acontecer e, sempre que possível, compartilhamos o melhor de nós com o mundo.
O meu país celebra 75 anos de um sonho tornado realidade, fruto de uma História milenar, de muito empenho e conquistas.
O Estado de Israel foi fundado no dia 14 de maio de 1948 e desde essa data que tivemos de lutar para sobreviver. Não estamos onde estamos por milagre, mas a custo de demasiadas vidas.
Desde então, paulatinamente, temos vindo a assinar acordos de paz com os nossos vizinhos. Primeiro com o Egito e a Jordânia e, mais recentemente, no âmbito dos Acordos de Abrãao, com os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein, aos quais se juntaram o Reino de Marrocos e o Sudão. Os Acordos abriram uma nova era de paz no Médio Oriente que se vê, na prática e in loco, com a cooperação regional nos campos político, económico, civil e de segurança. Não ficaremos por aqui. Continuaremos a pugnar por paz todos os dias porque consegui-la é um dever que temos para com as nossas crianças.
Mais de metade de Israel é um deserto. Frequentemente assolado por secas e historicamente amaldiçoado pela escassez crónica de água - considerado um dos países com maior stress hídrico do mundo - produz, hoje, 20% mais água do que precisa, de tal forma que até a exportamos. Não é um milagre mas uma aposta fortíssima na tecnologia e na gestão da água.
Também podem imaginar o orgulho que Israel tem nos seus Prémios Nobel. São 9 (até agora) na Literatura, Paz, Economia e Química. Outro milagre? Não. Um enorme respeito pela Academia, pelo saber, pelo conhecimento e por disseminá-lo em prol do bem comum.
Há, no judaísmo, um conceito que talvez ajude a perceber o que verdadeiramente nos move: o Tikun Olam, que significa literalmente "reparação do mundo", personificado num comportamento e ação benéficos e construtivos, de cada um de nós, para conseguir obter justiça social. Estivemos com a Ucrânia - na guerra -, com a Turquia - no terramoto -, em toda a África. Estamos prontos para ajudar, em qualquer lugar do mundo, assim precisem de nós.
Temos um sistema vivo, um povo política e civicamente empenhado que sabe o valor da liberdade de expressão. Israel é uma verdadeira democracia onde as minorias têm voz. O(A) leitor(a) terá tido oportunidade de ver as notícias sobre as manifestações massivas em Israel contra e/ou a favor da proposta de reforma judicial do actual Governo. Sinto orgulho por ver que a nossa democracia funciona, que os(as) israelitas podem vir para a rua manifestar-se independentemente do seu partido ou orientação política.
Estamos comprometidos com a diferença. Sejam os direitos LGBTQI+, dos imigrantes, dos jovens, de todas as religiões. Todos. Estamos, enfim, comprometidos com a vida e com a equidade.
Podia dar aqui tantos mais exemplos de que Israel não é um milagre, de que são 75 anos de um país tão novo e tão antigo, onde se sorve a vida às golfadas e persevera-se por um futuro sempre melhor.
É claro que não somos perfeitos, há muito a melhorar mas o nosso compromisso também é esse.
Muitos Parabéns Israel! E ainda agora começámos!
Embaixador de Israel