Não se deve governar para as sondagens, sejam elas mais positivas ou negativas. Hoje o DN, a TSF e o JN publicam mais uma sondagem da Aximage que faz a avaliação do governo e da oposição. Tal como na anterior, o Executivo não fica bem na fotografia, mas o que importa agora é fazer melhor, ambicionar mais e colocar a fasquia mais alta..Já iniciámos o segundo semestre do ano e os sinais que temos são um mix de alguma esperança com indicadores atuais, mas também de alguma incerteza nas previsões até ao final do ano e para 2023. Este vai ser um semestre de cautelas, ação e reação, mas também de antecipação de novos problemas e novas crises. O governo não pode, nem deve gerir para os barómetros, nem para a espuma dos dias. Foi-lhe concedida a confiança dos portugueses através da maioria absoluta, mas isso não significa que tem em mãos um cheque em branco, mas sim que tem de governar e bem..Os portugueses já têm um diploma de MBA (Master Business Administration) em crises e estão cansados. Não se deve confundir estes tempos estivais, em que um sorriso na cara anuncia um período de férias (para aqueles que podem e conseguem pagar uma pausa em julho ou agosto), com tempos económicos difíceis marcados por elevados preços da energia, da alimentação, alta da inflação e das taxas de juro, cenário que tende a manter-se no médio e longo prazo, admitem economistas e especialistas em conflitos internacionais, preocupados com a evolução e duração da guerra na Ucrânia..Esta sondagem coloca agora maior pressão sobre o PS e o PSD. Face às dificuldades e aos resultados dos barómetros mais recentes, a tentação é agir de forma impulsiva, com decisões pouco pensadas e percebe-se a ansiedade que já marca as intenções para a rentrée. Porém, desta vez, não bastará fazer um sprint para cortar a meta, mas sim uma corrida de fundo, para a qual é necessária preparação, de maneira a aguentar quatro anos sem esforço e com consistência nas propostas. Esta sondagem demonstra ainda que os portugueses, fustigados com a realidade económica, querem sinais de esperança e estão a ser mais exigentes com o Executivo e os partidos da oposição..Diretora do Diário de Notícias