A Segurança Social interrompeu em 2020 a recuperação dos quadros de pessoal que ocorria há quatro anos, chegando a dezembro com menos oito funcionários do que aqueles que tinha em janeiro. Em ano de pandemia, e com maior pressão para operacionalizar apoios extraordinários, as contratações do Instituto de Segurança Social (ISS) caíram 26%. Ao mesmo tempo, dispararam as saídas, sobretudo, para a aposentação, segundo o balanço social do ISS consultado pelo DN/Dinheiro Vivo..Segundo o documento, a Segurança Social chegou ao final de dezembro com 8188 trabalhadores contratados, face aos 8196 que tinha a 1 de janeiro. Também o número de prestadores de serviço diminuiu, de 383 para 380..Se a quebra no pessoal é ligeira, esta representa o primeiro ano, desde 2016, em que os quadros do ISS encolhem. De então para cá, foi possível somar 878 contratados, ainda assim apenas um décimo do número de trabalhadores perdidos ao longo da década anterior..Em 2004, a Segurança Social contava 15 932 trabalhadores, número que foi caindo paulatinamente até 2015, para ficar no final de dezembro desse ano em 7318 funcionários, menos de metade. Ao longo de uma década, perderam-se 8614 trabalhadores..A responsabilização por perdas de pessoal nos quadros da Segurança Social é tema recorrente na argumentação de governo e oposição em audições parlamentares nas quais é discutida a falta de capacidade de resposta do organismo para processar pensões ou acudir à emergência social trazida pela pandemia..Contudo, 2020 fica marcado por um recuo no pessoal, e não uma nova soma, com os processos de recrutamento de novos trabalhadores a ficarem aquém de anos anteriores. No último ano, as novas contratações por concurso integraram apenas 404 funcionários, menos 26% que em 2019..Ao todo, entre recrutamento, mobilidade e outras situações, o ISS viu entrar 788 trabalhadores com contrato, além de outros 23 com avença assinada ..Já do lado das saídas, a Segurança Social perdeu 796 pessoas: 444 contratadas e 207 em comissão de serviço. Foram mais 39%, ou 314 saídas, que em 2019. Se as comissões de serviço terminadas subiram de 38 para 207, também as aposentações dispararam. Foram para a reforma 255 trabalhadores, mais 38%, ou 97, que em 2019..Sem reforço líquido do pessoal no último ano, e com aumento das necessidades de resposta, os trabalhadores do ISS viram as horas extra realizadas escalarem 41%, num custo acrescido de cerca de 70 mil euros face a 2019. O que mais contribuiu, em termos absolutos, para o aumento de despesas com suplementos remuneratórios foram porém despesas de representação: mais cerca de 375 mil euros, para quase sete milhões de euros, numa subida de 6%. Ainda assim, os encargos totais com o pessoal da Segurança Social caíram no último ano residualmente: 176 mil euros face ao ano anterior (menos 0,1%), para 216,2 milhões de euros..Maria Caetano é jornalista do DInheiro Vivo