Nanni Moretti filma a vida na companhia da morte
Nanni Moretti é um dos primeiros nomes grandes a marcar presença no Lisbon & Estoril Film Festival (LEFFEST), a decorrer a partir de hoje, até dia 15. O seu filme mais recente, Minha Mãe, surge como um dos títulos de abertura oficial do certame (a par de Os Profissionais da Crise, de David Gordon Green), com duas exibições em Lisboa, no Monumental (19.30 e 00.00, a primeira com apresentação do realizador) e numa sala do Casino Estoril (23.30).
Dizer que Moretti é, aos 62 anos, uma das personalidades mais emblemáticas da produção italiana é apenas sublinhar uma evidência. No seu palmarés incluem-se um Leão de Prata do Festival de Veneza para Sonhos de Ouro (1981), um Urso de Prata de Berlim para A Missa Acabou (1986) e uma Palma de Ouro de Cannes para O Quarto do Filho (2001), além de, ao longo dos anos, os seus filmes terem arrebatado vários prémios David di Donatello do cinema italiano, incluindo os de melhor atriz (Margherita Buy) e melhor atriz secundária (Giulia Lazzarini) em Minha Mãe.
Podemos definir Minha Mãe como um conto intimista sobre o desejo de viver e a perturbante companhia da morte. Em cena estão dois irmãos, Margherita (Margherita Buy) e Giovanni (Nanni Moretti), que aguardam o falecimento, que se pressente próximo, da mãe, Ada (Giulia Lazzarini).
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Há aqui uma dimensão discretamente autobiográfica, quanto mais não seja porque o próprio Moretti reconheceu (em entrevista à Variety, a 14 de maio, que pensou na sua experiência de perda da mãe, ocorrida durante a fase de montagem do seu título anterior, Habemus Papam - Temos Papa (2011); aliás, Ada é professora, tal como era a mãe do cineasta.