A norte-americana Chris Evert, 66 anos, antiga número 1 mundial, sete vezes vencedora de Roland Garros e atual comentadora da Eurosport, canal que a partir domingo transmite em direto o torneio francês, considera que Rafael Nadal é o grande favorito a voltar a vencer o Grand Slam que já conquistou 13 vezes. Acredita que o melhor de Federer está guardado para Wimbledon, e aponta três tenistas que vê capazes de dar luta aos big three..O quadro principal de Roland Garros arranca já no domingo. Acha que Nadal vai continuar a sua relação especial com o torneio francês e conquistar o 14.º título na prova, o quarto consecutivo? Ou Djokovic tem uma palavra a dizer?.Nadal tem tudo para vencer o torneio. Ele é mais vulnerável em jogos a três sets, mas a cinco é um tenista muito difícil de bater, porque além da resistência física tem uma mentalidade que lhe permite disputar cada ponto e estar a jogar três, quatro ou cinco horas seguidas. Por isso para mim é o favorito, e logo a seguir o Novak Djokovic..Roland Garros marca o regresso de Roger Federer aos Grand Slams. Vem de uma ausência prolongada devido a lesão, está com 39 anos... o que se pode esperar dele? Está em condições de poder ainda ganhar um grande torneio?.Acho que Roland Garros vai ser complicado para o Roger, julgo que terá de esperar por Wimbledon, aí sim poderá ter uma chance de vencer. Julgo que a aposta dele é mesmo Wimbledon. O Roger esteve algum tempo afastado devido a lesão e isso é o que mais temo. Disse o mesmo sobre Serena Williams, parece que se perde aquele instinto, aquele poder de antecipação, e até um pouco de confiança. Por isso precisa de jogar para recuperar todas estas coisas. Até Wimbledon tem a hipótese de jogar mais três torneios para recuperar todos estes índices e tornar-se novamente um tenista difícil de bater..A pergunta que todos fazem. Qual dos três (Nadal, Djokovic ou Federer) vai terminar de jogar com mais Grand Slams conquistados?.Bem, o Novak tem 18 grandes torneios conquistados até ao momento, e seguramente vai conseguir terminar como recordista. Ele é bom nas três superfícies, é um pouco mas novo que Nadal e Federer, e é tudo uma questão de se manter saudável, depois de anos e anos de muito desgaste. Se ele conseguir jogar mais três ou quatro anos, definitivamente acredito que vai conquistar pelo menos mais quatro ou cinco Grand Slams..Vê fora dos big three outro tenista desta nova vaga capaz de conseguir ganhar um Grand Slam? A começar já por Roland Garros?.O Stefanos Tsitsipas tem-me impressionado, não só pelo seu ténis, mas também pela força mental que exibe, a sua calma. E por isso tem-me impressionado. Também tenho boa impressão do Sascha Zverev, sobretudo quando está a servir bem, além disso é um jogador perigoso em todas as superfícies. É apenas uma questão de conseguir aquele serviço. O Dominic Thiem chegou à final de Roland Garros no ano passado, o Andrey Rublev também me parece estar num bom momento. Julgo que estes três tenistas são os que têm mais potencial, até porque já conseguiram vencer Nadal e Djokovic e por isso estão perto de alcançar vitórias importantes. Mas os dois primeiros continuam a ser Nadal e Djokovic, sem dúvidas..E no torneio feminino, quais são na sua opinião as tenistas mais fortes da atualidade?.A Ash Barty parece-me estar muito bem, ganhou alguns torneios. A Aryna Sabalenka também vinha de algumas vitórias importantes e surpreendeu-me, por isso tem de ser considerada como uma das favoritas, não só pelos resultados que vem alcançando, mas também por toda a sua energia e por estar cada vez mais consistente. A Ash Barty é especial para mim, ela tem tudo. É uma tenista com energia, subtileza, sabe jogar à rede, à defesa, tem todas as armas. E depois há também a Iga Swiatek, que tem grandes possibilidades de voltar a vencer Roland Garros. São o meu top 3..Há uma boa notícia em torno de Roland Garros, que é o regresso de público às bancadas, embora em número reduzido. Até que ponto isso é importante para os tenistas?.É uma ótima notícia. Os jogadores jogam com a energia do público, e naqueles momentos em que há um zumbido ou um momento de maior excitação, isso traduz-se em maior motivação. Foi muito duro para os tenistas jogarem em courts vazios, porque a maior parte deles está habituado a jogar para um batalhão de fãs. Os tenistas de top vão ficar muito felizes com toda esta agitação de volta e isso é ótimo para o ténis, e para todos em geral..O torneio francês é muito especial para si, venceu Roland Garros sete vezes. Qual a melhor recordação que guarda?.A minha melhor memória de Roland Garros foi o torneio de 1985, quando venci na final a Martina Navratilova em três sets, com todo aquele público a apoiar-me durante o jogo. Naquela época a Martina era a dominadora e as pessoas diziam que eu não voltaria a ganhar um Grand Slam. Acho que vencê-la, uma das maiores campeãs de todos os tempos, motivou-me a jogar mais três anos depois disso. Estava muito emocionada na altura e vou lembrar-me desta final para sempre. Considero que esta foi a minha vitória favorita de todos os 18 Grand Slams que ganhei na minha carreira..nuno.fernandes@dn.pt