Na sua garrafeira só há espaço para Excelência
Os vinhos nacionais têm suscitado o interesse dos enófilos internacionais em anos recentes. Podemos atribuir esta "descoberta" a colheitas de grande qualidade, nomeadamente em 2013, facilitadas por condições climatéricas muito boas, mas essa seria uma visão muito redutora daquilo que é o setor dos vinhos em Portugal.
Há muito mais a acontecer. Uma das melhores formas de acompanhar a progressão dos vinhos nacionais é acompanhar também a progressão de um concurso de vinhos que se tornou numa referência, o Concurso Uva de Ouro. A sua quinta edição chegou recentemente ao seu estágio final, com a entrega de prémios aos produtores medalhados com os títulos de Excelência ou Melhor da Região, realizada na Alfândega do Porto no final de junho.
Mas onde normalmente um concurso de vinhos pressupõe a análise de vinhos acessíveis apenas a uma pequena percentagem de consumidores, este concurso coloca em prova os vinhos da maior garrafeira do país, a das lojas Continente. O que equivale a dizer que vinhos que custam dezenas de euros são sujeitos aos mesmos critérios de prova - rigorosos e com a garantia de isenção do Instituto da Vinha e do Vinho - que vinhos que custam menos de uma mão cheia da mesma moeda.
Na verdade, o que este concurso avalia é a qualidade, independentemente da proveniência ou do preço. Esta avaliação só é possível através de uma prova cega, que se realizou em abril na Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril, e que conta todos os anos com dezenas dos maiores especialistas do setor, que provam centenas de vinhos a concurso, entre vinhos tranquilos, fortificados e efervescentes.
Durante a prova estes especialistas não têm conhecimento de que vinhos estão a provar, não lhes sendo facultadas informações sobre a região de onde são provenientes, nem o nome do produtor. Apenas o ano da colheita e, obviamente, a que categoria de vinhos pertence. Este é, decididamente, o desafio mais rigoroso e isento que se pode colocar a um vinho.
As boas notícias são o número de vinhos medalhados (mais de 150) nesta 5ª edição do prémio Uva de Ouro, que já estão disponíveis para consulta. Boas notícias para produtores mas, acima de tudo, para os consumidores, que ficam assim com uma referência credível para melhorar os seus hábitos de consumo, sem que isso signifique necessariamente gastar mais dinheiro e com a conveniência de encontrar estes vinhos facilmente, em qualquer prateleira das lojas Continente.