Músicas emblemáticas e inéditos de Compay Segundo num concerto em Lisboa

Vão ser nove os músicos em palco no Teatro Tivoli BBVA, liderados pelo filho da estrela da música cubana, a partir das 21.30.
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Os ritmos cubanos vão invadir hoje à noite o Teatro Tivoli BBVA, em Lisboa, num concerto de homenagem a Compay Segundo, um dos grandes nomes da música cubana. Em palco estarão nove músicos do Grupo Compay Segundo, liderados pelo seu filho, Salvador Repilado Labrada.

"Viemos aqui num clima de celebração, porque se cumprem 110 anos do aniversário de nascimento do meu pai e queremos homenagear a sua obra e todos os anos que esteve a trabalhar para o público europeu e latino-americano", disse ao DN Salvador Repilado. "E também estamos a celebrar os 20 anos da sua participação no projeto Buena Vista Social Club, que deu a conhecer Cuba ao mundo. E também comemorar o aniversário da criação do nosso grupo, que já existe há 60 anos, com músicos renovados e músicos jovens", acrescentou.

Máximo Francisco Repilado, que ficaria conhecido como Compay Segundo a partir de 1942 após fazer a dupla Los Compadres com Lorenzo Hierruzuelo, nasceu em 1907 em Santiago de Cuba e morreu em 2003. Nos anos 1990, foi um dos rostos do projeto Buena Vista Social Club, que resultou na gravação de um álbum em 1997 e num filme, dois anos depois, de Wim Wenders.

"Um filme que deu a conhecer a realidade cubana. A escassez, a falta de coisas elementares", recorda Salvador Repilado, falando de um país "que está há mais de meio século bloqueado" por causa do embargo dos EUA. "Contudo, a música cubana rompeu esse bloqueio, conseguiu ultrapassá-lo, e conseguiu comunicar que os cubanos existem, que estamos a lutar todos os dias por fazer uma Cuba melhor e mais próspera", acrescentou.

"Neste concerto vamos ter músicas de Compay Segundo, emblemáticas, como Macusa, Chan Chan ou La Negra Tomasa, canções que sempre tocava nos seus concertos, mas também queremos fazer canções inéditas, que ele deixou. Queremos dar esse presente ao público de Lisboa", disse Salvador Repilado.

A música de Compay sempre foi uma música de raízes, um son muito tradicional, que é digno de preservar. As letras transmitem harmonia, paz entre as pessoas, amor. Não são letras agressivas, transmitem os desejos de viver e o prazer do homem na terra", explica o músico, contando como as músicas do pai já se tocaram e cantaram também noutros ritmos. "A música cubana tem muitas variantes. Tem son, tem cha-cha-cha, tem a timba", refere, lembrando que hoje já há grupos jovens que estão a fazer o son tradicional, "com letras mais atualizadas, adequadas à realidade do que se está a viver hoje em dia".

A música em Cuba continua bem viva, defende, dizendo que o aumento do turismo na ilha, com a abertura aos EUA, também ajuda a a manter os ritmos e o son tradicional de Cuba. "Os turistas vão à procura do ritmo e das raízes e há escolas para aprenderem a dançar. É bom para a cultura cubana e ajuda a espalhar a cultura cubana por todo o mundo", diz.

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