Museveni reeleito Presidente do Uganda mas oposição rejeita resultados
A comissão eleitoral do Uganda anunciou este sábado a reeleição do Presidente cessante Yoweri Museveni, no poder há 30 anos, mas a oposição já veio contestar os resultados destas eleições que qualificou como "fraudulentas".
"A comissão declara que o candidato Yoweri Kaguta Museveni, que obteve mais de 50% dos votos válidos, foi eleito Presidente da República do Uganda", afirmou o presidente do organismo, Badru Kiggundu.
Museveni, que vai cumprir o quinto mandato presidencial de cinco anos, conquistou nas eleições realizadas na quinta-feira (18 de fevereiro) cerca de 60,75% dos votos, contra os 35,37% do seu principal rival político e líder da oposição desde 2001 Kizza Besigye.
Minutos depois do anúncio da reeleição de Museveni, Kizza Besigye rejeitou os resultados das eleições.
"Os resultados da eleição presidencial devem ser rejeitados", declarou o candidato, num comunicado.
"Peço-lhes, em nome dos corajosos cidadãos do Uganda, para rejeitarem os resultados destas eleições de fachada", acrescentou na nota informativa, dirigida à comunidade internacional.
"Testemunhamos o que deve ter sido o processo eleitoral mais fraudulento no Uganda", prosseguiu Besigye, criticando a atuação dos organismos estatais, nomeadamente da comissão eleitoral que acusou de parcialidade e de "incompetência técnica".
Segundo o candidato da oposição, o dia da votação foi marcado por atrasos e vários incidentes, como o bloqueio das redes sociais, restrições à liberdade de expressão e várias detenções entre os seus apoiantes.
Antigo médico pessoal de Museveni, durante a guerra civil (1980-1986), Kizza Besigye também denunciou a sua detenção pela polícia.
A missão de observadores da União Europeia (UE) que acompanhou as eleições no Uganda também denunciou hoje, nas suas conclusões preliminares, "a falta de transparência e de independência" da comissão eleitoral, mas também a "atmosfera de intimidação" que marcou o escrutínio presidencial e legislativo de 18 de fevereiro.
Desde a sua independência em 1962 que o país da África Oriental, com cerca de 37 milhões de habitantes, nunca conheceu uma alternância política pacífica e perto de metade dos eleitores nunca conheceram outro presidente.
Chegado ao poder em 1986 - após tomar Kampala à frente do seu Exército de Resistência Nacional (NRA) e derrubar o autocrata Milton Obote-- Museveni conta com a força financeira e o poder eleitoral do seu partido, o Movimento de Resistência Nacional (NRM).