Museu Soares dos Reis reabre com cara nova e muitas parcerias
Foi no verão de 2019 que o Museu Nacional Soares dos Reis (MNSR) fechou portas para obras de manutenção e reformulação. Ao encerramento previsto seguiu-se o impedimento do regresso devido à pandemia de covid-19. Hoje, quase dois anos depois, o MNSR volta a receber visitantes, entre as 18:00 e as 22:00, assinalando, de forma simbólica, a Noite Europeia dos Museus. Neste regresso, para além das exposições temporárias, a programação, conta com projeções de cinema, ciclos de conversas, música, entre outros. "Procuramos encontrar novas formas de chegar às pessoas e atrair novos públicos. Queremos, também, que os visitantes usufruam dos nossos espaços exteriores e vamos ter exposições nos jardins", explica ao DN António Ponte, diretor do MNSR.
Uma das novidades está na possibilidade de o público escolher a "Peça do mês". O MNSR permitirá que o público se envolva na seleção das peças a exibir, sendo colocadas à votação, nas contas de Facebook e Instagram do museu, três peças. "Envolvemos a comunidade nessa iniciativa e na programação do museu. Esta será uma forma de chegar a outras pessoas e diversificar a nossa oferta cultural, com programação complementar. Pretendemos recolocar o único Museu Nacional existente na Região do Norte no mapa cultural da cidade e da região", adianta António Ponte.
Enquanto a exposição de longa duração está a ser reformulada, a aposta faz-se em mostras temporárias que permitem, por um lado, a apresentação de peças que estão na reserva do MNSR e, por outro, "reforçar o trabalho em rede com diferentes entidades". "As parcerias têm como grande objetivo atrair público e permitem essa ativação. Temos parcerias com a embaixada da Índia, o Instituto Camões, com a Câmara de Matosinhos (através da Biennale), com a Santa Casa da Misericórdia, entre outras. Vamos ter a promoção dos nossos eventos nas carruagens do Metro do Porto. Há toda uma rede que estamos a ativar nesta aproximação ao setor cultural e social português", explica ainda António Ponte.
O MNSR, em parceria com a Porto Design Biennale, vai acolher a exposição de objetos e instalações a partir de uma seleção de artistas e designers franceses. A iniciativa "Autre" levará os visitantes a fluírem de diferentes espaços do Museu, entre os quais a cerca, uma área exterior onde funcionou o velódromo Rainha Dona Amélia. O MNSR contará também com a participação da Faculdade de Educação e Psicologia e da Área Transversal de Economia Social da Universidade Católica no Porto, promotora do projeto "ACT - Aprender Com Todos", dando destaque à exposição de fotografia "Eu estudei aqui", uma mostra resultante da participação dos alunos da Escola Leonardo Coimbra Filho, no Porto. Já a Santa Casa da Misericórdia vai ser responsável por disponibilizar uma edição em braille dos textos de sala de cada exposição temporária.
A mostra "A Índia em Portugal - um tempo de confluências artísticas" (15 de maio a 30 de junho), é uma das grandes apostas do MNSR e apresenta um grande número de peças historicamente relevantes, incluindo muitas de coleções particulares e algumas nunca antes expostas. A exposição reflete a forma como a chegada dos portugueses à Índia, ao criar, nos séculos XVI e XVII, novas vias de comércio transoceânico, tornou possível a encomenda por parte dos europeus de objetos artísticos até então desconhecidos. No total, estão 70 peças expostas, que passam desde móveis portáteis de tamanho médio (cofres, arquetas-escritório, tabuleiros de jogo, escritórios, contadores, mesas e arcas), a objetos domésticos de luxo, na sua maioria de materiais preciosos.
Para ver há também "José Régio: [Re]visitações à Torre de Marfim" (até 1 de agosto), uma exposição de poesia e desenho do consagrado autor. Com a mostra "Depositorium... 1" (patente até ao final de agosto), várias peças do MSSR que permanecem nas reservas do museu vão ser exibidas. A seleção das peças foi feita pela equipa do MNSR, responsável pela escolha de obras provenientes das coleções de cerâmica, escultura, ourivesaria e joalharia, pintura e têxteis.
A internacionalização do MNSR é uma das grandes apostas de António Ponte, o novo diretor do museu. "Temos um longo caminho a percorrer, mas queremos afirmar o museu a nível nacional e internacional, através da cedência de peças, por exemplo, mas também com a nossa presença em museus estrangeiros, na Europa e fora da Europa, levando os nossos artistas, os nossos autores e coleções lá fora. Ficaria muito satisfeito se conseguisse o reconhecimento que o museu merece e isso faz-se pela capacidade de atrair parceiros, visitantes, de trabalhar com mecenas. Tudo conflui para um grande objetivo: a afirmação do museu nacional e internacional", sublinha o responsável. António Ponte, que assumiu funções de diretor há cerca de um mês e meio, pretende reatar a relação com o público após o encerramento prolongado do museu e acredita que as exposições temporárias e a "vasta programação", irão atrair o público que sente "necessidade do seu museu".
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