Um incêndio, visível por mais de dois quilómetros em redor, irrompeu na noite de hoje na zona da Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém, o terceiro local mais sagrado do Islão onde milhares de fiéis estavam presentes para orar. A causa do incêndio está ainda por esclarecer..Na manhã desta segunda-feira, confrontos entre manifestantes palestinianos e a polícia israelita deixaram mais de 300 feridos na Esplanada da Mesquita, batizada de Monte do Templo pelos judeus..Ao início da noite, o Muro das Lamentações, em Jerusalém, foi evacuado devido a várias salvas de foguetes foram lançadas a partir da Faixa de Gaza em direção a Israel, que provocaram o soar das sirenes de alarme. Aliás, o Hamas já veio confirmar que foram mais de 100 foguetes contra Israel, argumentando tratar-se de uma "resposta aos crimes e à agressão à Cidade Santa"..Momentos antes, o movimento islâmico Hamas ameaçara Israel com uma nova escalada militar se as forças israelitas não abandonassem a Esplanada das Mesquitas e o bairro de Seikh Jarrah, ambas em Jerusalém Oriental, até às 18.00 horas locais (16.00 em Lisboa)..A Esplanada das Mesquitas e o bairro de Seikh Jarrah têm sido palco de violentos confrontos nos últimos dias entre palestinianos e polícias israelitas..Centenas de fiéis judaicos foram evacuados já à noite do Muro das Lamentações, em Jerusalém, na sequência dos confrontos na Esplanada das Mesquitas, situado nas proximidades e do lançamento dos roquetes a partir da Faixa de Gaza. "Um alarme acabou de soar em Jerusalém. As forças policiais começaram a evacuar centenas de pessoas" reunidas no Muro das Lamentações para locais mais seguros, disse a polícia num breve comunicado..O exército israelita relatou sete foguetes disparados de Gaza, um dos quais foi intercetado pelo escudo de mísseis "Cúpula de Ferro". "As Brigadas Al-Qassam (braço armado do Hamas) estão agora a lançar foguetes contra o inimigo na Jerusalém ocupada em resposta aos seus crimes e agressões contra a Cidade Santa e aos seus abusos contra o nosso povo em Sheikh Jarrah e na mesquita Al-Aqsa", na Esplanada das Mesquitas", disse o Hamas num comunicado..Pelo menos 305 palestinos ficaram feridos, incluindo 228 que foram levados para hospitais e clínicas para tratamento, de acordo com o Crescente Vermelho palestiniano. A organização também referiu que sete dos feridos estavam em estado grave. A polícia israelita declarou que 21 polícias ficaram feridos, tendo três deles sido hospitalizados..Centenas de palestinianos lançaram pedras e outros objetos contra os polícias israelitas que estavam na Esplanada das Mesquitas, o terceiro local mais sagrado do Islão e designado Monte do Templo pelos judeus..As forças de segurança israelitas responderam com gás lacrimogéneo, balas de borracha e granadas de atordoamento..A polícia israelita disse, em comunicado, que está a trabalhar para tentar conter a violência na Esplanada, mas também "em outros setores da Cidade Velha de Jerusalém"..O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, considerou que o movimento islamita Hamas que governa a Faixa de Gaza transpôs "uma linha vermelha" e prometeu uma reposta musculada do Estado judaico.."As organizações terroristas em Gaza atravessaram uma linha vermelha durante a tarde no Dia de Jerusalém", indicou Netanyahu, para acrescentar: "Israel reagirá com força (...), quem atacou o nosso território, a nossa capital, os nossos cidadãos e soldados pagará um elevado preço"..O exército israelita anunciou já "ter começado" a realizar uma série de ataques contra posições do Hamas na Faixa de Gaza, visando em particular um comandante das Brigadas Izz ad-Din al-Qassam, o braço armado do Hamas, que foi morto. "Começámos a realizar ataques em Gaza. Temos como alvo um comandante sénior do Hamas", disse um porta-voz das Forças de Defesa israelitas, numa conferência de imprensa em Jerusalém..O movimento Hamas, que governa na Faixa de Gaza, anunciou a morte de um de seus comandantes num ataque israelita no norte do enclave. As declarações do Hamas surgem depois de fontes sanitárias palestinianas terem adiantado a ocorrência de uma explosão de origem desconhecida no norte da Faixa de Gaza, que provocou a morte a pelo menos 20 pessoas, nove delas crianças..A explosão surgiu depois de militantes do movimento islâmico Hamas terem disparado sete foguetes em direção a Israel. Por saber está se a explosão foi provocada por um dos foguetes lançados pelo Hamas, que poderá ter falhado o alvo, ou se se deve a uma retaliação de Israel..No entanto, a imprensa do Hamas indicou que, numa reação inicial, Israel realizou um ataque com um drone [aparelho aéreo não tripulado] que provocou um morto no norte da Faixa de Gaza..Por outro lado, e citado pela agência noticiosa Associated Press (AP), Abu Obeida, porta-voz do braço militar do Hamas, disse que o ataque a Jerusalém foi uma resposta ao que chamou de "crimes e agressão" israelitas. "Esta é uma mensagem que o inimigo deve entender bem", disse Obeida, que ameaçou com mais ataques se Israel "voltar a invadir a Mesquita de Al-Aqsa" e a prosseguir com as operações de desalojamento de famílias palestinianas num bairro na parte leste de Jerusalém..Os Estados Unidos e o Reino Unido já condenaram os ataques do movimento Hamas contra Israel, denunciando a escalada de tensão em Jerusalém e juntando-se aos apelos da comunidade internacional para o fim da violência..Os Estados Unidos começaram por defender junto da ONU que uma mensagem pública não seria "oportuna nesta fase", quando o Conselho de Segurança se reuniu de emergência sem chegar a um acordo sobre uma declaração conjunta..Contudo, nas últimas horas, Washington e Londres condenaram o lançamento de foguetes por parte do movimento islamita palestiniano Hamas contra Israel, pedindo contenção, de forma a diminuir as tensões na região. "Reconhecemos o direito legítimo de Israel de se defender, de defender o seu povo e o seu território", disse hoje o porta-voz da diplomacia norte-americana, Ned Price.."O Reino Unido condena o lançamento de foguetes em Jerusalém e vários locais de Israel. A violência em Jerusalém e Gaza deve terminar. (...) Precisamos de uma redução imediata da escalada de todos os lados, travando os ataques à população civil", disse o chefe da diplomacia britânica, Dominic Raab..Ao longo dos últimos dias, vários países condenaram os atos de violência e pediram uma solução que coloque fim aos dias de violência em Jerusalém..A França alertou para os riscos de uma "grande escalada" de tensão no Médio Oriente, pedindo contenção nos gestos e nas palavras. "A França apela a todas as partes para que mostrem a maior contenção e se abstenham de qualquer provocação para permitir um regresso à calma o mais rápido possível", declarou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros francês..A União Europeia, pela voz de Josep Borrell, responsável pela política externa, já veio expressar a preocupação dos seus estados-membro. "Estamos profundamente preocupados com os recentes confrontos e com a violência", disse, pedindo para que "tudo seja feito para evitar o aumento das tensões". No sábado, a UE tinha pedido às autoridades israelitas para agirem "com urgência" de forma a diminuir as tensões em Jerusalém. "Os líderes políticos, religiosos e comunitários de todas as fações devem mostrar moderação e responsabilidade e fazer todo o possível para acalmar esta situação explosiva", acrescentou Borrell..A diplomacia da Alemanha pediu a colaboração das partes para encontrar uma solução de consenso. "Só podemos pedir a todas as partes que neutralizem esta situação verdadeiramente explosiva. Ambas as partes podem ajudar", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Heiko Maas..Já o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, condenou o que chamou de "terrorismo" israelita em Jerusalém, dizendo que fará tudo o que estiver ao seu alcance para "mobilizar o mundo, em particular o muçulmano, para acabar com o terrorismo e a ocupação israelita"..O governo do Irão tinha pedido às Nações Unidas, no sábado, para que condenassem o que chamou de "crime de guerra" cometido por Israel em Jerusalém. "Não foi suficiente para o regime israelita roubar as terras e as casas das pessoas, criar um regime de 'apartheid' e recusar vacinar civis sob ocupação ilegal. Teve ainda que disparar sobre fiéis inocentes que se encontravam no interior da terceira mesquita mais sagrada do Islão", escreveu hoje o ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros, Javad Zarif, na sua conta da rede social Twitter..O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Egito, condenou "veementemente a nova incursão de forças israelitas na mesquita de Al-Aqsa"..Aliás, vários países árabes, incluindo os que recentemente normalizaram as suas relações diplomáticas com Israel - Sudão, Marrocos, Emirados Árabes Unidos e Bahrein - ou a Argélia, manifestaram apoio incondicional à causa palestiniana, denunciando as ações de força israelitas..O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Sudão condenou no sábado as medidas tomadas contra os palestinianos em Jerusalém, considerando-as atos de "repressão"..Abu Dhabi pediu às autoridades israelitas para que "assumam a responsabilidade pela desaceleração" da violência em Jerusalém..A Argélia condenou os "ataques racistas e extremistas registados na cidade ocupada de Al-Quds (a designação de Jerusalém em árabe)"..O Rei Abdullah II da Jordânia "condenou" no domingo "as violações israelitas e as práticas que levaram à escalada (das tensões) em torno da mesquita de Al-Aqsa"..O Papa Francisco tinha pedido no domingo o fim da violência em Jerusalém. "A violência só gera violência. É preciso parar estes confrontos", disse o Papa numa mensagem após a oração dominical, apelando às partes para que garantam "que a identidade multirreligiosa e multicultural da cidade sagrada possa ser respeitada e que a fraternidade prevaleça".