Mundo Jurássico está errado: dinossauros não punham a língua fora da boca

Investigação publicada na Plos One demonstra que as línguas dos dinossauros se assemelhavam às dos crocodilos e estava presa à base da boca.
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As imagens de dinossauros enfurecidos, de dentes aguçados e língua esticada, como as do filme Mundo Jurássico, têm-se repetido em exposições e nas salas de cinema nos últimos 25 anos. Mas estas cenas têm apenas um pequeno problema: é que os dinossauros não conseguiam pôr a língua fora da boca, como os lagartos. Um estudo realizado pela Academia de Ciências da China e a Universidade do Texas, nos Estados Unidos da América, demonstra que as línguas destes animais se assemelhavam mais às dos crocodilos e estava presa à base da boca.

Os investigadores compararam os ossos hióides - que ficam entre a laringe e a base da língua - de crocodilos e aves modernas com os dos seus antepassados extintos e chegaram à conclusão que o voo pode ter ajudado ao desenvolvimento da língua nesses animais. O estudo, publicado agora na revista Plos One, mostra que esses ossos eram semelhantes entre os dinossauros e os crocodilos e jacarés, ou seja, curtos, simples e ligados a uma língua que não era muito móvel.

Análise que leva Julia Clarke, co-autora da investigação, a afirmar que as reconstruções cinematográficas ou em exposições temáticas que mostram dinossauros com longas línguas a sobressair das suas mandíbulas estão erradas. "E andam a ser recriados da forma errada há muito tempo", acrescenta a professora da universidade texana. "Na maior parte dos dinossauros, os ossos das suas línguas eram demasiado pequenos. E nos crocodilos com ossos hióides semelhantes, a língua está completamente fixa na base da boca".

Já no caso dos seus parentes voadores, a história parece ser diferente. Os pterossauros, répteis voadores do período Mesozóico, e as aves atuais apresentam uma grande diversidade de tamanhos de ossos hióides, o que os cientistas pensam dever-se à habilidade de voar. Isto porque para caçar nos céus, e não podendo usar as mãos, que se transformaram em asas, os animais tiveram de desenvolver as suas línguas.

"Se não se consegue usar a mão para manipular a presa, a língua torna-se muito mais importante para manipular a comida", explica Zhiheng Li, autora principal do estudo. "As aves, em geral, desenvolveram a sua estrutura da língua de uma forma notável", acrescenta Julia Clarke.

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