O funeral de Rodrigo Lapa ficou ontem marcado pela emoção de centenas de pessoas que quiseram despedir-se do jovem de 15 anos, mas também por momentos de tensão e ofensas contra a mãe do adolescente assassinado. Depois dos insultos e tentativas de agressões na noite anterior, durante o velório - Célia Barreto foi mesmo empurrada e caiu no chão da igreja -, as autoridades montaram neste sábado um forte dispositivo de segurança junto à igreja de Estombar, Lagoa. E foi já em cima do início da missa que Célia Barreto chegou para acompanhar o funeral do filho..O corpo de Rodrigo saiu às 09.30 da Igreja da Misericórdia, percorreu as ruas da vila até á igreja matriz e foi seguido por cerca de meio milhar de pessoas com flores nas mãos e empunhando panos com dedicatórias ao amigo. Cerca das 10.30, quando a celebração ia começar e sem que ninguém desse por isso, chegou Célia Barreto num carro descaracterizado. Estava acompanhada por um casal e por alguns militares que não estavam fardados. Quando saíram do carro e até chegarem a uma porta lateral da igreja, a porta da sacristia, foram escoltados pelos militares, que formaram uma "caixa humana", composta por cerca de dez elementos do corpo de intervenção da GNR..Quase uma hora depois, antes mesmo do final da celebração, alguns amigos que se aperceberam da presença da mãe de Rodrigo Lapa no interior da igreja não esperaram que a cerimónia terminasse e foram-se juntando na porta lateral, para esperar por Célia Barreto. Apesar de os elementos das autoridades conseguirem dispersar os populares, a mãe do jovem ouviu alguns insultos por parte dos populares e teve mesmo de sair em passo acelerado, no meio dos elementos do corpo de intervenção da GNR, que a conduziram até uma viatura militar que saiu em alta velocidade do local..[artigo:5062721].O corpo seguiu para o cemitério de Estombar onde, já sem a presença da mãe, o pai do jovem teve de abandonar o local, em braços, antes do final do funeral..Padrasto é o principal suspeito.Célia Barreto, como ontem sublinhou a Polícia Judiciária ao DN, não é suspeita da morte do filho, tendo sido apenas ouvida como testemunha. O principal suspeito continua a ser o padrasto do jovem, Joaquim Lara, que se encontra no Brasil..O corpo do adolescente foi encontrado, na quarta-feira, num terreno baldio nas imediações da casa onde vivia, em Portimão, entre o sítio das Vendas e o Malheiro, junto a uma das principais entradas para a cidade. Fonte da Polícia Judiciária confirmou que o padrasto do adolescente é o principal suspeito do homicídio, acrescentando que o mesmo se encontra no Brasil, de onde é natural. Segundo os exames feitos no Instituto de Medicina Legal, há marcas de agressões no tronco e face do jovem, "provavelmente devido a uma luta, mas nada nos diz que foi no interior da casa", referiu a mesma fonte, afastando também a tese de que Rodrigo Lapa tinha sido torturado. O crime, segundo a PJ, terá ocorrido após uma discussão entre o padrasto e o jovem devido a um eventual roubo de dinheiro.