Mulheres têm ainda pouca representatividade política na Índia

Nova Deli, 09 abr 2019 (Lusa) -- Apesar de alguns partidos regionais indianos terem instituído quotas para candidaturas de mulheres ao legislativo, a lei que reserva lugares para mulheres na política tramita no parlamento da Índia há mais de duas décadas.
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Um dos exemplos destes partidos, de acordo com a agência de notícias Bloomberg, é o All India Trinamool Congress, de Bengala Ocidental, que se comprometeu a apresentar 41% candidatas nas próximas eleições para o parlamento, que decorre entre 11 de abril e 19 de maio na Índia.

Este tipo de atitude tem intensificado a pressão sobre o primeiro-ministro, Narendra Modi, do Partido Bharatiya Janata (BJP), e a oposição ao Governo a adotarem a mesma medida.

Estas mudanças no âmbito regional devem também facilitar o caminho para a reserva de um terço dos assentos na Câmara dos Deputados para as mulheres, uma medida que está pendente há mais de duas décadas.

A lei de reserva das mulheres, introduzida pela primeira vez em 1996, traria mais mulheres para a cena política indiana, onde os políticos e os governos efetivamente falham em manter as mulheres seguras mesmo na sociedade, sendo estas vítimas de todo o tipo de crimes, nomeadamente os sexuais.

Para a Índia não é estranho mulheres políticas com poder. A ex-primeira-ministra, Indira Gandhi, dominou a política indiana durante décadas, enquanto a ministra-chefe de Bengala Ocidental, Mamata Banerjee, e o ex-ministra-chefe de Uttar Pradesh, Mayawati, exercem também considerável influência.

Entretanto, esses sucessos não se traduziram num maior número de mulheres no Parlamento. Em 2018, a Índia ficou em 149.º lugar entre 193 nações relativamente à percentagem de mulheres na Câmara Baixa, de acordo com dados divulgados pela União Interparlamentar.

O Partido do Congresso, formação histórica agora na oposição, não divulgou quantas mulheres candidata nestas eleições, mas o seu líder, Rahul Gandhi (neto de Indira Gandhi), prometeu reservar 33% dos lugares para mulheres no caso de formar governo. Gandhi também se comprometeu a aprovar a lei de reserva de mulheres no parlamento indiano.

O porta-voz do BJP, no poder, também não referiu o número de mulheres que apresenta nestas eleições.

Cerca de 900 milhões de eleitores vão às urnas entre 11 de abril e 19 de maio em Índia, num gigantesco processo para as eleições gerais que irão exigir a sua divisão em sete fases e em que o nacionalista hindu Narendra Modi emerge como candidato favorito.

Em disputa estarão 543 assentos da Assembleia do Povo (Lok Sabha), dos 545 assentos possíveis (dois são indicados pelo Presidente), para um mandato de cinco anos.

Simultaneamente, os eleitores irão às urnas para eleger os governos regionais dos Estados de Andhra Pradesh (sul), Arunachal Pradesh (nordeste), Odisha (leste) e Sikkim (nordeste), deixando de fora Jammu e Caxemira (norte), por requerer um amplo deslocamento das forças de segurança.

Com cerca de 1,3 mil milhões de habitantes, 29 Estados e sete territórios, a maior democracia do mundo vai enfrentar este mês e no próximo um processo complicado para o qual serão ativadas um milhão de assembleias eleitorais, 100.000 a mais do que nas eleições de 2014.

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