Mulheres de burqa parecem "marcos de correio". May exige desculpas a Boris

Ex-chefe da diplomacia britânica escreveu o comentário num artigo no 'The Telegraph', o mesmo jornal que, citando os seus aliados, diz que ele não pedirá desculpa como exigiu a primeira-ministra.
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"A Dinamarca errou. Sim, a burqa é opressiva e ridícula - mas isso não é razão para a banir." Este é o título de um artigo de opinião de Boris Johnson, ex-chefe da diplomacia britânica, publicado na segunda-feira no The Telegraph, no qual o deputado diz ainda que as mulheres que usam o véu islâmico total (com uma rede na zona dos olhos) parecem "marcos do correio" ou "assaltantes de bancos".

Uma linguagem que alguns disseram ser islamófoba e que levou o secretário do Partido Conservador britânico, Brandon Lewis, a pedir-lhe que apresentasse as desculpas. Mas os aliados do ex-ministro, que se demitiu do governo em desacordo com a primeira-ministra sobre o brexit, disseram ao mesmo jornal que ele não irá faz-lo, considerando que isso seria uma tentativa de calar o debate sobre temas complicados.

A própria Theresa May pronunciou-se sobre a polémica. "Sou muito clara e o governo é muito claro sobre a nossa posição em relação às burqas, que é que as mulheres deviam poder escolher como se vestir. Cabe à mulher decidir como se veste, não a outras pessoas dizer como ela se deve vestir", disse após um encontro com a primeira ministra escocesa, Nicola Sturgeon.

"Acho bem que se discutam temas como este, mas ao fazê-lo devemos ter muito cuidado com a linguagem e as expressões que usamos. Alguns dos termos que o Boris usou para descrever a aparência de uma pessoa ofenderam as pessoas, por isso concordo com Brandon Lewis", acrescentou May.

"Pedi a Boris Johnson que peça desculpas", escreveu Lewis no Twitter, partilhando as declarações do secretário de Estado para o Médio Oriente e Norte de África, Alistair Burt, que disse à Radio 4 que "nunca faria" um comentário como Johnson. "Acho que há um certo grau de ofensa" apesar "de ele estar a defender que o governo britânico nunca imporá restrições de vestuário".

O artigo de opinião de Johnson era uma reação à proibição do uso de burqa ou niqab na Dinamarca, que entrou em vigor no dia 1 de agosto.

O Conselho Muçulmano do Reino Unido (MCB) considerou que "ao escolher intencionalmente estas palavras para um jornal nacional", Boris Johnson "lambe as botas da extrema-direita". Desculpas são "o mínimo", indicou o MCB, adiantando que o Partido Conservador se devia questionar sobre a islamofobia no seu seio.

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