Mulheres afegãs, Navalny e Áñez são finalistas do Prémio Sakharov
Um grupo de 11 mulheres afegãs ativamente envolvidas na luta pelos seus direitos e educação, o opositor russo Alexei Navalny e a ex-presidente interina da Bolívia Jeanine Áñez são os finalistas deste ano do Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento, entregue pelo Parlamento Europeu. O vencedor, no ano do centenário do nascimento do físico e dissidente soviético Andrei Sakharov, será escolhido na quarta-feira. A cerimónia de entrega está marcada para 15 de dezembro, em Estrasburgo.
"A nomeação deste grupo de proeminentes mulheres afegãs é um forte sinal de apoio para salvaguardar os direitos das mulheres e direitos fundamentais daqueles que os defendem não só no Afeganistão mas em todo o mundo", disse o presidente da Comissão para os Assuntos Externos, o alemão David McAllister. São os membros desta comissão, junto com os da Comissão do Desenvolvimento, que elegem os finalistas. Neste ano ficaram de fora desta lista outros dois nomeados: a ativista sarauí Sultana Khaya e a organização não governamental Global Witness.
As mulheres afegãs foram nomeadas pela Aliança Progressiva dos Socialistas e Democratas e pelo Grupo dos Verdes/Aliança pela "corajosa luta por igualdade e direitos humanos", lembrando que após o regresso dos talibãs ao poder no Afeganistão as mulheres estão novamente ameaçadas. Neste grupo encontram-se, entre outras, a ex-ministra Sima Samar, a diretora da Comissão Afegã Independente de Direitos Humanos Shaharzad Akbar, uma das mulheres que fizeram parte da equipa de negociadoras do governo afegão, Habiba Sarabi, ou a jornalista Anisa Shaheed.
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O russo Alexei Navalny, atualmente detido, foi nomeado pelo grupo do Partido Popular Europeu e pelos liberais do Renovar a Europa, "pela sua coragem na luta pela liberdade, a democracia e os direitos humanos", destacando-se as ações contra a corrupção e a oposição ao presidente russo, Vladimir Putin. "Esta nomeação reconhece e sublinha os esforços de um indivíduo corajoso na defesa da governança democrática, o Estado de direito, os direitos cívicos e a luta contra a corrupção", referiu McAllister.
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Já Jeanine Áñez foi nomeada pelos Reformistas e Conservadores Europeus, que consideram a boliviana "um símbolo da repressão contra os dissidentes e de privação do devido processo legal e do Estado de direito na América Latina". Em novembro de 2019, após alegada fraude eleitoral da parte do então chefe de Estado Evo Morales, Áñez tornou-se presidente interina da Bolívia, tendo entregue o poder um ano depois após novas eleições. Foi presa a 13 de março deste ano, acusada de "terrorismo, sedição e conspiração" por alegadamente planear um golpe de Estado contra Morales. "Esta nomeação mostra um forte apoio pela democracia, o Estado de direito e as liberdades fundamentais", disse McAllister.
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O vencedor será escolhido na Conferência de Presidentes, que reúne o líder do Parlamento Europeu, o italiano David Sassoli, e os dos diferentes grupos políticos. O prémio, no valor de 50 mil euros, foi entregue no ano passado à oposição democrática bielorrussa.