Por cada posto de trabalho de baixas qualificações existem quase seis trabalhadores portugueses não qualificados. É um dos rácios mais elevados em toda a União Europeia (UE), apenas atrás de Malta e ao lado da Grécia..De acordo com os dados divulgados no projeto de Relatório Conjunto sobre o Emprego da Comissão Europeia, existem em Portugal perto de 2,9 milhões de trabalhadores com baixas qualificações para apenas 490 mil postos de trabalho que exigem poucas habilitações. O rácio é de 5.9..Em causa estão profissões como limpezas, reposição de produtos em prateleiras, assistentes de preparação de refeições, vendedores ambulantes, estafetas, bagageiros, etc..O documento, publicado no âmbito do Semestre Europeu, sublinha a pressão que este desequilíbrio pode provocar no mercado de trabalho. Essa situação "pode resultar num maior abandono do mercado de trabalho, maior incidência de trabalho precário, desemprego elevado e risco de afastamento do mercado de trabalho"..O economista João Cerejeira, professor da Universidade do Minho, lembra que o setor do turismo permitiu a ocupação de grande parte desta população", prevendo, contudo, "alguma saturação"..Para este especialista em mercado de trabalho, a questão coloca-se também ao nível do que se pode considerar a taxa natural de desemprego em Portugal, podendo estabilizar à volta dos 6%. Ou seja, dificilmente a taxa de desemprego descerá abaixo deste valor, "apesar de existirem previsões para 2020 com taxas mais baixas". João Cerejeira lembra que, historicamente, a taxa natural ronda "os 3% a 4%"..[HTML:html|Qualific.html|640|808].Voltar à escola.O relatório da Comissão Europeia sublinha ainda a baixa taxa de envolvimento dos trabalhadores pouco qualificados em programas de educação para adultos. "Em 2017, a taxa de participação na educação para adultos de pessoas com baixas qualificações foi duas vezes inferior à taxa de participação global, de 10,9%." No caso de Portugal, menos de 5% dos trabalhadores pouco qualificados estavam envolvidos em programas de aprendizagem para adultos..João Cerejeira lembra que no programa Novas Oportunidades "havia uma perceção de aprendizagem dos adultos, apesar dos problemas com o reconhecimento de competências, mas há quase uma década que foi abandonado"..O professor da Universidade do Minho sublinha ainda que a população pouco qualificada é "um entrave ao crescimento".