Como revisitar uma figura tão mítica como Coco Chanel? A resposta de Anne Fontaine nesta grande produção francesa passa pelo período anterior ao mito, isto é, antes da sua consagração como nome da moda e alta costura. Há emoções fortes que passam pelo trabalho de Audrey Tautou, na figura de Chanel, mas o tom geral é de telefilme de luxo, como se se tratasse menos de fazer um retrato e mais de "confirmar" um destino. Sabe a pouco... .•• .No novo filme do realizador de Road Trip - Sem Regras, quatro amigos rumam a Las Vegas para a despedida de solteiro de um deles. Quando acordam de manhã no hotel com uma enorme ressaca, um dos amigos desapareceu, outro perdeu um dente, e há um bebé no armário e um tigre na casa de banho. A Ressaca está um patamar acima das anteriores comédias de imaturidade masculina de Todd Phillips, por ser mais screwball e menos grosseira. .••• .O filme de estreia de Jonathan Levine é uma curiosa incursão por um género saturado e mal-afamado: o slasher. Esta fita de terror sobre uma enigmática e bela adolescente que se junta a um grupo de colegas do liceu que a veneram para passar um fim-de-semana num rancho isolado onde, em vez do esperado idílio sexual, encontrarão a morte, é uma espécie de slasher indie na linha da série Sexta-feira 13, mas feito com muito mais estilo e inteligência.. .••• .Há quem considere que os efeitos especiais estão a "estragar" o cinema. De facto, semelhante visão peca por simplismo histórico: afinal de contas, com as suas primeiras experiências fantásticas, ainda no século XIX, George Méliès foi o genial inventor do conceito de efeito especial. Acontece que os filmes não se decidem só na técnica, mas também no modo como elaboram as suas narrativas: o cinema é, afinal, uma arte de contar histórias. Tal como o primeiro Transformers, esta sequela é o lamentável exemplo de como o aparato técnico pode tomar conta das histórias, a ponto de anular toda a sua vibração espectacular ou emoção humana. Que temos, então? Uma colagem grosseira de robôs "bons" contra robôs "maus", aqui e ali pontuada por uns pobres actores que fingem que têm personagens para representar... Não por acaso, nas entidades produtoras surge o nome da Hasbro, a marca de brinquedos proprietária dos direitos dos bonecos Transformers. Os brinquedos serão interessantíssimos, mas convém lembrar que fazer cinema não é o mesmo que amontoar lata, ruído e explosões.