"Ditador" e "demissão". Muita contestação a Varandas e contas aprovadas à tangente

Apesar de aprovado, Relatório e Contas teve mais sócios a votar contra do que a favor. Presidente ouviu gritos de "ditador", mas recusa cenário de demissão: "Isso é ridículo"
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Foi uma Assembleia Geral quente, marcada por vários momentos de contestação, a que o Sporting viveu na noite de quinta-feira, com muitos sócios a contestarem a gestão de Frederico Varandas, que viu o Relatório e Contas aprovado à tangente, com 52,95% dos votos, apesar de a maioria dos associados presentes ter votado contra.

O ambiente de contestação ficou patente desde cedo, com vários gritos de "ditador" e pedidos de "demissão" dirigidos a Frederico Varandas. Na reunião magna, no Pavilhão João Rocha, também o antigo presidente Sousa Cintra foi vaiado e impedido de discursar, tendo também ele, no final, deixado várias críticas a Frederico Varandas.

"Na minha opinião, o Frederico Varandas não está a conduzir bem os destinos do Sporting. Eu não consigo entender como é que um sportinguista não tem uma palavra de agradecimento à Comissão de Gestão. É absurdo. Houve pessoas que andaram ali sem ganhar nada, trabalharam por amor ao clube. Não respeita minimamente os sócios, não tem jeito para ser presidente e parece que ele é o dono da quinta", afirmou a ex-presidente.

Frederico Varandas. "Demissão? Isso é ridículo"

Varandas terminou a sua intervenção na AG muito exaltado, lembrando que quem expulsou o anterior presidente Bruno de Carvalho não foi ele, mas sim os sócios. E deixou o púlpito a mandar beijos para a bancada.

No final, já com as contas aprovadas por uma margem mínima, ao deixar o pavilhão, o líder leonino frisou: "Impera a democracia no Sporting, vai imperar sempre a democracia", afirmou, repetidamente. "O Sporting é uma grande instituição, tem 160 mil sócios, 90 mil sócios pagantes, é e vai ser sempre a vontade da maioria dos sócios. Sempre. Quer gostem, quer não", afirmou, e riu quando confrontado com as declarações de Sousa Cintra, antigo presidente.

Questionado acerca da possibilidade de se demitir, Frederico Varandas atirou: "Essa pergunta é ridícula".

Rogério Alves: "divisão patente", mas "todas as condições" para Varandas

O presidente da mesa da assembleia-geral do Sporting, Rogério Alves, considerou na noite de quinta-feira que Frederico Varandas tem todas as condições para dirigir os 'leões', apesar de ter visto aprovado de forma tangencial as contas do clube.

O dirigente, que falava após a Assembleia-Geral que teve início às 20:30 e que terminou pelas 23:20, reconheceu que "a divisão está patente", até porque, se de um lado, o Relatório e Contas de 2018/19 foi aprovado com 52,95% dos votos, por outro, votaram contra 756 sócios (a favor 596).

"De acordo com os estatutos do Sporting nem todos os sócios têm o mesmo número de votos. Na minha opinião [Frederico Varandas] tem todas as condições para presidir ao Sporting. Mesmo que o relatório tivesse sido rejeitado, isso não implicaria a queda da Direção. Do meu ponto de vista, após a aprovação do Relatório e Contas, não está em causa um referendo à Direção", afirmou.

Para Rogério Alves, existe a necessidade de encontrar outras formas para trazer os sócios a este tipo de votações.

"Tivemos aqui 1.352 sócios, mas temos um universo muito mais vasto. Temos de encontrar uma maneira, que, na minha opinião, passa por uma reformatação dos Estatutos, para que muitos mais sócios participem na vida do clube. Os resultados são o que são, os sócios votaram como quiseram e o relatório foi aprovado. As ilações políticas deverão ser tiradas pelo Conselho Diretivo e não pela Mesa da Assembleia-Geral", disse.

Esta reunião magna, que decorreu no Pavilhão João Rocha, em Lisboa, deu voz a mais de duas dezenas de associados, entre os quais o ex-presidente Sousa Cintra, que, perante a contestação que sentiu, acabou por desistir de dar o seu ponto de vista.

"Não quero interpretar politicamente esse fenómeno. Tenho muita simpatia pelo presidente Sousa Cintra, houve realmente uma onda de contestação inicial e ele prescindiu de falar. Pessoalmente, não vou fazer nem exegese, nem fisiologia, nem vou fazer a anatomia desse fenómeno. Não gostaria que o Sporting fosse notícia por aspetos pontuais, que podem ter isto ou aquilo de negativo, quando temos tanta coisa positiva para comemorar em conjunto", concluiu.

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