Sindicato espanhol avisa que protestos podem estender-se à Europa se houver "represálias"
O sindicato espanhol de tripulantes de cabine avisou, esta segunda-feira, que o movimento de protestos pode alargar-se a outros países se a Ryanair avançar com "represálias" sobre os trabalhadores das bases europeias que se recusaram a substituir grevistas portugueses.
"Há um alto fator de possibilidade de o movimento se alargar a outros países no caso de a Ryanair fazer represálias contra os trabalhadores de outras bases que se recusaram a substituir os portugueses", disse à agência Lusa Antonio Escobar, responsável para as Relações Externas do Sindicato Independente de Tripulantes de Cabine de Passageiros de Linhas Aéreas (SITCPLA) de Espanha.
O sindicalista assegurou que a greve dos portugueses está a ser seguida em Espanha com "a maior camaradagem possível", porque "estas práticas de 'gangster' têm de acabar".
Segundo o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) português, a greve de domingo dos tripulantes de cabine da transportadora aérea Ryanair teve uma adesão de 90%, com 27 voos cancelados.
Das 49 saídas previstas foram feitas 15 com tripulação portuguesa (30%), tendo sido cancelados 27 voos (55%).
António Escobar adiantou que dos 1.800 trabalhadores da Ryanair em Espanha pode ter havido um "máximo teórico de 28" que aceitaram trabalhar para substituir os seus colegas portugueses, o que considerou "irrisório".
Em causa, na greve, está o cumprimento de regras previstas na legislação nacional como a parentalidade, garantia de ordenado mínimo, bem como a retirada de processos disciplinares por motivo de baixas médicas ou vendas a bordo abaixo dos objetivos da empresa.
No primeiro dia de paralisação, na passada quinta-feira, o SNPVAC disse que a adesão rondou os 90%.
A empresa admitiu ter recorrido a voluntários e a tripulação estrangeira durante a greve dos tripulantes portugueses, de acordo com um memorando enviado aos trabalhadores, a que a Lusa teve acesso.