"Às 2 da manhã, morreu Eva Péron", titulava, na primeira página a edição do DN de 27 de julho de 1952. A primeira-dama da Argentina, idolatrada no seu país, foi chorada com grande comoção pelos seus compatriotas, que nesse mesmo dia a transformaram na imortal Evita..A sua intervenção, desde sempre a favor dos mais pobres - afinal, ela era era um deles, nascida como filha ilegítima de um relação entre um fazendeiro rico da cidade de Junim e a cozinheira lá de casa -, o seu encontro com Perón, na altura coronel e ministro do Trabalho do governo argentino, o casamento secreto entre ambos, a forma como juntos passaram depois a governar o país e, finalmente, a sua morte precoce, com apenas 33 anos, juntaram-se para, na hora final, a transformarem numa figura ímpar, mítica aos olhos dos argentinos..Junto a uma fotografia em que a malograda mulher do general Perón surge com uma expressão melancólica - já estaria doente -, o DN traça uma rápida biografia da jovem, da sua ascensão meteórica e quase lendária, dos mais baixos estratos sociais até à condição de primeira-dama, passando pela rádio e pelos palcos de Buenos Aires, que ela conquistou com a sua voz doce e a sua arte de representar. Foi nessa altura, aliás, que Perón e Evita se encontraram, durante uma receção, na capital argentina..Antes da triunfal chegada ao poder, porém, Perón sofreu um duro um revés político. Demitido pelos adversários políticos, esteve preso, uma situação dura que Eva enfrentou com coragem..Como escreveu o DN, Perón "teve logo a trabalhar por si a conhecida artista da rádio". "Eva pronunciou ao microfone diversos discursos dirigidos sobretudo aos operários", contou o jornal, sublinhando que "disso resultou grande incremento no que podemos designar por movimento peronista"..Daí a meses, "o coronel Perón, candidato às eleições presidenciais, obtinha a maioria e era proclamado Presidente da República". Entretanto, sublinhava o jornal, "tinha-se realizado secretamente o casamento de Juan Perón com Eva Duarte e no dia 4 de junho de 1946 ambos entravam na Casa Rosada, o palácio presidencial"..O mais celebrado e cantado romance argentino durou 13 anos, até à morte de Evita. Nesse mesmo dia, madrugada ainda, ela ganhou a imortalidade.