Morte da cadela do rei marca primeira página dos jornais

A cadela do rei da Tailândia morreu, marcando hoje a primeira página dos jornais do reino, onde um homem foi preso por ter criticado o animal real no Facebook.
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"Khun Tongdaeng morreu tranquilamente durante o seu sono no palácio Klai Kangwon a 26 de dezembro às 23:10", anunciou na noite de segunda-feira, em comunicado, a Faculdade de Veterinária da Universidade de Kasetsart, que estava encarregue do seu tratamento, citado pelo jornal 'Bangkok Post'.

Os grandes jornais nacionais, do 'Khaosod' ao 'Matichon', passando pelo 'Thairath', consagram hoje a sua primeira página à morte da cadela, tratando o assunto com grande respeito.

"O rei já foi informado", escreveu o 'Matichon'.

Tongdaeng, de 17 anos, sofreu falhas múltiplas em órgãos vitais, após uma longa doença que afetou os seus músculos e ossos, deixou de aparecer em público, mas surgia aos pés do rei Bhumibol Adulyadej, de 88 anos, nos inúmeros calendários e cartazes que decoram lojas do país.

Na Tailândia a família real é protegida por uma das leis mais restritivas em todo o mundo.

Todas as pessoas que ofendam o rei, apresentado como um semideus por uma propaganda desenvolvida ao longo de décadas, a rainha, o herdeiro ou o regente arriscam uma pena de prisão de até 15 anos.

A cadela do rei, Tongdaeng, era, neste cenário, investida de um grande poder simbólico, tendo sido recentemente a protagonista de um filme de animação, que se estreou em dezembro, nas salas de cinema da Tailândia, por ocasião do aniversário do rei. E, no passado, foi também objeto de um livro escrito pelo monarca.

Num contexto de grande inquietude em torno da sucessão do rei, hospitalizado há meses, a lei de lesa-majestade tem sido utilizada frequentemente pelos militares no poder.

Um internauta foi detido no início deste mês, aguardando julgamento por lesa-majestade, por ter faltado ao respeito à cadela do rei, um caso revelador do nervosismo da junta fiel ao rei, que está no poder desde o golpe de Estado de maio de 2014.

Thanakorn Siripaiboo publicou vários comentários "sarcásticos" no Facebook em relação ao animal, o que provocou a reação imediata da junta militar que o acusou de sedição.

O homem, de 27 anos, arrisca uma pena máxima de 37 anos de prisão por comentários sobre a cadela e também por fazer 'like' em comentários no Facebook sobre um suposto caso de corrupção no parque construído em homenagem ao monarca pelo exército em Hua Hin, cidade situada a cerca de 200 quilómetros a sudoeste de Banguecoque.

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