Morreu Robert Hanssen, famoso agente duplo do FBI

Agente duplo forneceu à Rússia alguns dos segredos mais profundos dos Estados Unidos nas décadas de 1980 e 1990.
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Robert Hanssen, o famoso agente duplo do FBI que secretamente forneceu à Rússia alguns dos segredos mais profundos dos Estados Unidos nas décadas de 1980 e 1990, morreu esta segunda-feira numa prisão de segurança máxima, disseram funcionários do estabelecimento prisional.

Oferecendo-se à inteligência militar soviética em 1985, Hanssen negociou segredos do governo e as identidades de toupeiras dos EUA nos governos soviético e russo em troca de diamantes e centenas de milhares de dólares.

Por estar no crucial departamento de contraespionagem do FBI em Nova Iorque, encarregado de perseguir espiões estrangeiros, foi capaz de cobrir o seu rasto enquanto investigava ostensivamente os agentes de Moscovo nos Estados Unidos.

Contudo, Hanssen foi apanhado num beco sem saída após ter trocado mensagens com russos nos subúrbios de Virgínia, nos arredores de Washington, a 18 de fevereiro de 2001. Um ano depois, foi condenado à prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional.

Hanssen, de 79 anos, foi encontrado inconsciente na manhã de segunda-feira na prisão de segurança ultra-alta de Florence, no estado do Colorado, e mais tarde foi declarado morto, de acordo com um comunicado da prisão.

O FBI chamou-o de "o espião mais prejudicial da história do FBI".

Hanssen ingressou no FBI em 1976, depois de servir o país pela primeira vez como polícia, em Chicago.

Nove anos depois, Hanssen assumiu um cargo de contraespionagem no escritório da cidade de Nova Iorque, onde os agentes investiram muito tempo a rastrear e tentar recrutar funcionários soviéticos nas Nações Unidas.

Em vez disso, em pouco tempo este espião ofereceu os seus serviços à Rússia sob o nome de "Ramon Garcia" e nem mesmo com quem negociava do outro lado sabia da sua verdadeira identidade.

Na altura em que foi apanhado, Hanssen era considerado a toupeira mais danosa a passar segredos dos EUA a um governo estrangeiro, com milhares de documentos confidenciais dos EUA a serem entregues aos soviéticos e, posteriormente, aos russos.

Entre os documentos estavam planos de guerra nuclear dos EUA, software para rastrear investigações de espionagem e as identidades de fontes americanas em Moscovo, incluindo Dmitri Polyakov ou "Tophat", um general soviético que transmitiu os segredos do seu país aos Estados Unidos entre as décadas de 1960 e 1980. Polyakov foi preso em 1986 e executado vários anos depois.

Acredita-se que Hanssen tenha sido motivado por dinheiro e não por ideologia, rendo recebido 1,4 milhões de dólares em dinheiro e diamantes graças às suas traições.

Embora durante vários anos o FBI e a CIA soubessem que havia um informante bem colocado nas suas fileiras, Hanssen não foi o principal suspeito durante muito tempo.

Os investigadores americanos acabaram por se focar mais na hipótese de Hanssen ser o traidor depois de receberem algumas informações por parte de um desertor russo, tendo sido rastreado no seu escritório durante vários meses antes de ser apanhado em Virgínia.

O ex-espião duplo tinha uma mulher e seis filhos, vivia de forma simples e convivia intimamente com a elite católica conservadora de Washington.

Em maio de 2002, Hanssen declarou-se culpado de 15 acusações de espionagem em troca de um acordo de acusação para que não fosse pedida pena de morte.

"Peço desculpas pelo meu comportamento. Estou envergonhado por isso", afirmou durante a sentença. "Abri a porta para a calúnia contra a minha mulher e filhos totalmente inocentes. Magoei muita gente profundamente", acrescentou.

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