Morreu o homem que acusou o cardeal Pell de abuso sexual
Damian Dignan, o homem que acusou publicamente o cardeal George Pell de abuso sexual, morreu no último sábado, de doença prolongada. De acordo com os media locais, citados pela BBC, esta morte poderá vir a condicionar o julgamento do cardeal, uma das mais relevantes figuras da Igreja católica na Austrália. Pell tem negado insistentemente as acusações.
A morte de Damian Dignan foi confirmada pela ex-mulher, Sharon Rixon, no Facebook. Dignan era natural da cidade australiana de Ballarat, também terra natal de Pell, que aí foi padre entre 1976 e 1980. Em março de 2016 Dignan acusou o cardeal de abusos sexuais, num programa televisivo.
George Pell é o mais alto representante da Igreja católica na Austrália e principal conselheiro financeiro do papa Francisco. É o mais alto membro do Vaticano a ser formalmente indiciado por crimes relacionados com abuso sexual de menores. Acusações que surgiram no final de uma longa investigação sobre a resposta de instituições na Austrália a abusos sexuais contra menores, exigida em 2012 pelo Governo de Camberra, que nomeou uma comissão para esse efeito.
O cardeal, de 76 anos, foi ouvido por três vezes no âmbito da investigação e reconheceu, diante da comissão de inquérito, que a Igreja cometeu "enormes erros" ao permitir que milhares de crianças fossem molestadas e violadas por padres. Pell admitiu ter falhado ao acreditar frequentemente nos padres em detrimento das vítimas que alegaram abusos.
Posteriormente o cardeal veio a tornar-se no foco da investigação, tendo sido interrogado sobre acusações relativas a alegados abusos sexuais cometidos entre 1976 e 2001. Foi formalmente acusado em junho do ano passado com base nos depoimentos de "múltiplos queixosos", segundo a polícia. Deverá voltar aos tribunais no próximo mês de março.