Morreu o empresário Alexandre Soares dos Santos
Nascido no Porto, a 23 de setembro de 1934, o empresário e filantropo português foi até novembro de 2013 presidente do Conselho de Administração do grupo Jerónimo Martins, da cadeia de supermercados Pingo Doce. "Defender o direito das pessoas ao trabalho é mais importante do que aumentar lucros", foi uma das mensagens deixadas na altura em que saiu da liderança do grupo.
Quando se tornou, em 1968, líder do Jerónimo Martins, o grupo tinha 300 pessoas no comércio e duas mil na indústria. Em 2019 conta na distribuição com 110 mil pessoas e caminha para os 20 mil milhões em vendas.
Eleito pela revista Forbes o homem mais rico de Portugal durante vários anos, Soares dos Santos foi ainda agraciado com os graus de Grande-Oficial da Ordem Civil do Mérito Agrícola, Industrial e Comercial - Classe Industrial (28 de maio de 1992), Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique (9 de junho de 2000) e Grã-Cruz da Ordem do Mérito (17 de janeiro de 2006).
Mais recentemente, o homem que liderou 40 anos a Jerónimo Martins recebeu das mãos de Marcelo Rebelo de Sousa, já em 2017, Grã-Cruz da Ordem do Mérito Empresarial - Classe do Mérito Comercial.
Embora tenha nascido no Porto, Soares dos Santos, frequentou o curso de Direito da Faculdade de Direito de Lisboa, que abandonou em 1957, para iniciar a sua carreira profissional, após um convite da multinacional Unilever. Nesta empresa passou por várias delegações e filiais no estrangeiro e, em 1968, regressou a Portugal para assumir a liderança da Jerónimo Martins, que pelas suas mãos passou de uma empresa de pequena dimensão a um dos maiores grupos empresariais portugueses.
O empresário soube ampliar os negócios e fazer crescer a empresa da família, tendo lançado a marca Pingo Doce, colocado o grupo em Bolsa e expandindo-se internacionalmente, em 1995, para o Brasil e Polónia. Em 2009, criou a Fundação Francisco Manuel dos Santos, que gere o portal "Pordata", Base de Dados do Portugal Contemporâneo, e lançou uma coleção de livros de Ensaio, a preços reduzidos, sobre temas da atualidade.
Após a morte de Belmiro Azevedo, em 2017, Soares dos Santos recordou à TSF que conheceu o líder da Sonae em 1999, para discutir a fusão entre os grupos, um negócio que nunca chegou a acontecer.
"Detesto investimento chinês, porque não traz coisíssima nenhuma", "nem know how", nem sequer "management", dizia num evento em 2014.
O antigo presidente da Jerónimo Martins criticou ainda nesse mesmo evento a forma de trabalhar dos portugueses, dizendo que "somos extremamente individualistas" e que "é muito difícil pôr os portugueses a trabalhar em conjunto". Soares dos Santos continuou afirmando que "é muito difícil o Estado perceber que nós temos de ser ouvidos" e não deixou de fora a academia.
"As universidades continuam a ser instituições fechadas sobre si mesmas. Temos de deixar de ser uma aldeia em que vivemos todos na mesma rua". Para Soares dos Santos, "a única solução para Portugal "não é um programa de dívida", mas "um acordo sobre que tipo de sociedade é que nós temos". "O Presidente da República tem por obrigação convocar os partidos políticos e definir de uma vez por todas um programa para 10 ou 15 anos", concluiu na altura.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, mostrou-se "pessoalmente consternado" e apresentou condolências à família, de acordo com uma nota no site da Presidência, no qual se evoca a "personalidade singular" e o "relevante papel na vida económica, social e cultural portuguesa".
(Em atualização)