Morreu o cineasta Ettore Scola

Realizador tinha 84 anos e estava em coma desde domingo. Primeiro-ministro lamenta o "enorme vazio na cultura italiana"
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O cineasta italiano Ettore Scola, realizador de filmes como "Um dia inesquecível" ou "Tão amigos que nós éramos", morreu hoje, em Roma, aos 84 anos, revela a imprensa italiana, citando fontes hospitalares.

Ettore Scola, nascido em 1931, em Trevico, foi considerado um dos últimos grandes mestres do cinema italiano, tendo assinado obras em que participaram atores como Marcello Mastroianni, Sophia Loren, Vittorio Gassman ou Nino Manfredi.

O primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, lamentou a morte de Ettore Scola, afirmando que esta "deixa um enorme vazio na cultura italiana". Segundo a ANSA, Renzi elogiou a "incrível capacidade de leitura da Itália, desde sua sociedade até suas mutações, sentimento ao longo do tempo e consciência social" do realizador.

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Segundo a imprensa italiana, Scola estava em coma desde domingo e morreu na ala de cardiologia do Hospital Policlinico.

A primeira opção de Scola foi o direito, estudou Direito na Universidade de Roma, mas foi no cinema que encontrou o seu caminho. Em 1964, com 33 anos, realizou o primeiro filme "Fala-se de Mulheres", mas antes disso já vivia o mundo cinema, tendo sido argumentista de dezenas de filmes desde 1953. O filme "Feios, Porcos e Maus", com o qual Scolla triunfou no Festival de Cannes, só chegaria aos ecrãs em 1976. Veja o trailer:

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Entre as suas obras mais conhecidas, estão "O Terraço" (1980), "A Família" (1987) e "O Baile" (1983) - com o qual ganhou novamente o Urso de Ouro para melhor realizador no Festival de Berlim. Como argumentista assinou, por exemplo, "Il sorpasso" (1962), de Dino Risi. Ganhou vários prémios ao longo dos seus mais de 50 anos de carreira, entre Globos de Ouro, Palmas de Ouro em Cannes e distinções em festivais internacionais, e escreveu o seu nome na história do cinema italiano.

Veja um excerto de "Um Dia Inesquecível" (1977), com Sophia Loren e Marcello Mastroianni, filme que conseguiu duas nomeações para os Óscares - melhor ator e melhor filme estrangeiro:

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Apesar de não ganhar nenhum Óscar, "Um Dia Inesquecível" venceu em 1978 o Globo de Ouro para melhor filme estrangeiro, além de muitos outros prémios na Europa.

Realizador de mais de quatro dezenas de filmes, entre os quais documentários, Ettore Scola foi ainda autor de cerca de 80 histórias ou guiões cinematográficos.

Em agosto de 2011 Sola anunciou que se ia retirar: "Para mim é fundamental ter liberdade e hoje é o mercado que toma as decisões. Isso já acontecia antes, mas havia espaço para a liberdade e para a diferença, e os produtores estavam mais dispostos a arriscar e a experimentar", lamentou.

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Apesar disso, há dois anos, Ettore Scola realizou um filme sobre o cineasta Federico Fellini, com o título "Que Estranho Chamar-se Federico". Os dois cineastas tinham-se conhecido ainda na juventude, como ilustradores num jornal. Veja o que os críticos do DN João Lopes e Rui Pedro Tendinha escreveram sobre este filme:

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