Moreira da Silva avança para corrida à liderança do PSD e junta "rioístas" e passistas
Jorge Moreira da Silva anunciou esta quinta-feira que é candidato à liderança do PSD, dia que já tinha apontado como o momento para fazer uma declaração pública sobre o assunto depois de ter sido noticiado que iria entrar na corrida à sucessão de Rui Rio.
Em comunicado, Jorge Moreira da Silva começa por anunciar a sua demissão das funções de Diretor da Cooperação para o Desenvolvimento, na OCDE, cargo que ocupava desde 2016, em Paris, e cujo exercício seria incompatível com a sua candidatura.
"Candidato-me à liderança do PSD por sentido de responsabilidade - atendendo às circunstâncias difíceis que tanto Portugal como o PSD enfrentam - e animado pela firme convicção de que sou portador de um projeto capaz de renovar o PSD, libertar o potencial de Crescimento Sustentável em Portugal e assegurar que os portugueses reconquistam o seu pleno Direito ao Futuro", refere.
O antigo primeiro vice-presidente do PSD anuncia ainda que a apresentação pública da candidatura será feita na próxima segunda-feira, às 17:00, no Clube Monsanto, em Lisboa.
Apesar de a sua candidatura estar ainda envolta em alguma reserva, fontes sociais-democratas garantem ao DN que Moreira da Silva tem com ele "mais pessoas" do que se pensa e que "a ala rioísta", ou seja, os mais próximos de Rui Rio, e muitos passistas, estarão do seu lado da barricada.
Jorge Moreira da Silva passa a ser o opositor de Luís Montenegro, que apresentou oficialmente a sua candidatura à presidência do PSD na passada quarta-feira.
Entre os que estiveram sempre com Rui Rio, Luís Montenegro conta com o apoio de Salvador Malheiro, vice-presidente do partido, líder da distrital de Aveiro do PSD e presidente da Câmara de Ovar.
Jorge Moreira da Silva nunca avançou para uma candidatura à liderança, mas o seu nome foi falado várias vezes como uma possibilidade. Tanto mais que foi preparando o caminho para a protagonizar.
Além de ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia de Portugal no governo de Pedro Passos Coelho, de quem foi vice-presidente no partido, Jorge Moreira da Silva foi também secretário de Estado da Ciência e Ensino Superior no governo de Durão Barroso.
Liderava o secretariado do Comité de Ajuda ao Desenvolvimento da OCDE, e preside à Plataforma para o Crescimento Sustentável, que fundou há dez anos e que reúne cerca de 500 pessoas de diversos quadrantes. Foi ainda líder da Juventude Social-Democrata (entre 1995 e 1998), eleito deputado nas legislativas de 2005, deixou o Parlamento em 2006, quando Aníbal Cavaco Silva, então Presidente da República, o chamou para consultor para a Ciência, Ambiente e Energia. Ao mesmo tempo foi consultor do Banco Europeu de Investimento (BEI), na área da Biodiversidade; e consultor da Comissão Europeia na área das alterações climáticas.
Jorge Moreira da Silva, que tem sido colunista residente do DN, defendeu em 2020 a realização de um congresso extraordinário social-democrata para clarificar a estratégia de "coligações e entendimentos" da direção de e Rui Rio e manifestou-se contra a solução governativa nos Açores por ter sido possível apenas com o apoio do Chega.
Em entrevista ao Público, Luís Montenegro elogiou o futuro opositor. "Somos amigos, somos da mesma geração, com o trajeto que é conhecido. Prestámos serviço ao PSD não só no tempo de Pedro Passos Coelho mas noutras lideranças".
O candidato à liderança social-democrata assume até que, caso vença as diretas de 28 de maio, contará com Moreira da Silva. "Tenho a certeza que estará disponível para ajudar no PSD, nas funções que pudermos acertar para esse efeito." E remata: "Não tenho dúvidas que o engenheiro Moreira da Silva é um quadro altamente qualificado do nosso partido."