Moreira campeão asiático no arranque de carreira de treinador de guarda-redes

O antigo guarda-redes do Benfica abandonou a carreira de futebolista e iniciou-se como treinador de guardiões em junho, conseguindo já sagrar-se campeão asiático pelo Al Hilal, numa experiência "absolutamente fantástica" em que a evolução ultrapassa as saudades.
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Em entrevista à Lusa, o antigo guarda-redes internacional português, agora com 37 anos, destaca o "feito fantástico" que foi ganhar a Liga dos Campeões asiáticos, com a vitória de domingo sobre os japoneses do Urawa Red Diamonds (agregado de 3-0). "É fantástico para a minha curta carreira de treinador de guarda-redes, o Al Hilal já não era campeão asiático há 19 anos e conseguimos o sétimo título", recorda.

Depois de deixar o Cova da Piedade, onde pendurou as luvas após ter jogado no Benfica, Swansea, Omonia, Olhanense e Estoril-Praia, juntou-se ao clube saudita já depois da saída de Jorge Jesus do comando, garantindo que o técnico deixou "uma ou outra coisa na estrutura", mas que o dedo do treinador se vê agora, duas mudanças de técnico depois, apenas em "poucos detalhes".

Pode reencontrar Jesus no Qatar

Jesus treinou Moreira no Benfica e os dois podem agora encontrar-se como rivais no Mundial de Clubes, em que os sauditas defrontam os campeões africanos, o Esperance Tunis, em busca de encontrar o Flamengo, campeão da Taça Libertadores, nas meias-finais. "É óbvio que se defrontarmos o Flamengo nas meias-finais, e espero defrontá-lo, será um jogo especial", atira.

A este facto acresce o período do novo campeão sul-americano no emblema da Arábia Saudita, pelo que o encontro seria sempre marcante, com o técnico de guarda-redes a esperar "que ganhe o melhor e que esse seja o Al Hilal" para poder ir à final, lembrando que "ainda falta um jogo antes" desse confronto.

Moreira integra a equipa técnica do romeno Razvan Lucescu, que em 2018/19 foi campeão grego com o PAOK e ainda este ano somou um título asiático a um palmarés com títulos na Roménia e no Qatar. "Trabalhar com o Razvan tem sido fantástico. (...) Gosta muito de trabalhar e está sempre atento aos pequenos grandes detalhes", conta o antigo guardião.

A viver os primeiros meses como técnico, Moreira recorda que este era um passo que vinha "a cimentar há alguns anos, ainda enquanto guarda-redes, a aprender, aprofundar e estudar". "Estava a capacitar-me cada vez mais, para poder pôr em prática o que aprendi com os melhores treinadores de guarda-redes ao longo da minha vida", acrescenta.

Finalista vencido do Euro 2004, num ano em que também esteve nos Jogos Olímpicos de Atenas 2004 e no Euro sub-21, Moreira recorda ter tido contacto com "várias escolas" de treino, um "background muito grande a nível de experiência", considerando "uma mais-valia ter trabalhado com os melhores".

Elogiando os treinadores portugueses que "felizmente" têm feito um bom trabalho na Arábia Saudita, desde Rui Vitória, campeão pelo Al Nassr, a Jorge Simão, no Al Fayha, entre outros, o agora técnico confessa que as saudades de ir para dentro do campo "estão sempre presentes".

Lesão no ombro precipitou fim de carreira

Ainda assim, a hora de se retirar tinha chegado, sobretudo porque "devido à lesão, o ombro nunca ficou como era antes", o que lhe retiraria a possibilidade de voltar a ser o mesmo jogador, porque "muito facilmente se tem uma recaída".

Por outro lado, as saudades combatem-se com o entusiasmo de ser "um apaixonado" pelo novo desafio que tem em mãos. "Tem sido ótimo, cada vez mais gosto de treinar guarda-redes", confessa.

No Mundial de Clubes, a disputar em dezembro, no Qatar, o Al Hilal vai defrontar nos quartos de final os tunisinos do Espérance de Tunis, campeões africanos.

O vencedor deste embate vai disputar uma vaga na final da prova frente aos brasileiros do Flamengo, comandados por Jesus, que, no sábado, se sagraram campeões sul-americanos, ao conquistarem a Taça Libertadores, frente ao anterior vencedor, o River Plate.

O Liverpool, campeão europeu, vai enfrentar na outra meia-final o vencedor da eliminatória que vai opor os mexicanos do Monterrey à equipa proveniente da primeira ronda, que coloca frente a frente os anfitriões do Al-Sadd e o Hienghène Sport, da Nova Caledónia, vencedores da Champions da Oceânia.

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