Moradores despejados ameaçam pernoitar frente à Câmara

As negociações entre a Câmara de Vila Franca de Xira e os moradores despejados hoje de um prédio em risco ficaram num impasse e as 14 pessoas ameaçam pernoitar junto aos Paços do Concelho, para onde já levaram malas.
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Durante a tarde, os moradores reuniram-se com a presidente da autarquia, Maria da Luz Rosinha (PS), e posteriormente com a vereadora da Ação Social, Conceição Santos, mas sem resultados positivos.

Numa curta declaração aos jornalistas, sem direito a perguntas, a presidente da câmara explicou que os moradores "não aceitaram" as habitações sociais apresentadas pelo município e que, segundo Maria da Luz Rosinha, "são mais seguras do que aquelas" em que habitavam.

À saída do edifício da câmara, a autarca foi interpelada pelos moradores e teve de ser escoltada por dois polícias até ao automóvel.

"Os apartamentos apresentados pelo município não reúnem as mínimas condições de habitabilidade. Como não temos para onde ir, vamos buscar as nossas coisas aos carros e trazê-las para a frente da câmara, onde, se pudermos, iremos pernoitar", explicou Antonieta Barros.

A inquilina disse ainda que os moradores propuseram uma alternativa ao município: "Sugerimos que a câmara comparticipe no pagamento de um apartamento por nós arrendado. Esta proposta já foi feita no passado, mas a presidente não aceitou. Hoje disse que o advogado ia analisar".

Cerca das 19:40, os moradores que ainda habitavam o lote 1 do Bloco B da rua de Quinta de Santo Amaro, na zona da encosta do Monte Gordo, estavam sentados no largo da câmara com uma mesa, vários bancos e algumas malas.

No pelourinho foi colocado um lençol branco com a frase: "exigimos respeito".

Funcionários da autarquia arrombaram hoje a porta do prédio em risco - com recurso a um pé de cabra -, com vista à notificação das três famílias que ainda ali residiam.

O edifício foi selado pelos técnicos da autarquia com a ajuda da PSP. A partir de hoje, sempre que os moradores precisem de se deslocar ao local, terão de pedir autorização ao município.

O executivo deliberou despejar os moradores por estar em causa "a segurança de pessoas e bens", segundo o mais recente relatório do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), conhecido em novembro.

O lote 1 faz parte de um conjunto de três blocos, de seis andares cada, construídos há mais de 15 anos. Segundo o LNEC, o lote 2, que está desabitado e fechado a cadeado por questões de segurança, "descolou" dos restantes dois e está inclinado para a frente vários centímetros, pressionado pelo movimento das terras da encosta, correndo o risco de ruir e de provocar a "instabilização" do lote 1 e "danos no lote 3", praticamente todo habitado.

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