Monumento ao Empresário poderá ir para a Rotunda AEP devido ao 'metrobus' do Porto
O Monumento ao Empresário, localizado no cruzamento entre as avenidas Marechal Gomes da Costa e da Boavista, no Porto, poderá ser deslocalizado para a Rotunda AEP, segundo o projeto preliminar do 'metrobus', consultado pela Lusa.
"Para garantir a viabilidade desta intervenção, deverá prever-se a desmontagem do Monumento ao Empresário existente no local e a sua remontagem na rotunda AEP", pode ler-se no projeto preliminar do eixo Boavista - Império do BRT (Bus Rapid Transit, vulgo 'metrobus'), consultado pela Lusa.
Questionada pela Lusa, fonte oficial da Metro do Porto, responsável pela obra, remeteu para a Câmara do Porto, tendo fonte oficial da autarquia referido que "a matéria será avaliada na versão final do projeto".
A avaliação na referida fase acontecerá "atendendo a que a Câmara Municipal do Porto e a Metro do Porto ainda não reuniram oficialmente sobre o projeto BRT", acrescentou ainda a fonte autárquica.
O Monumento ao Empresário, erigido em 1992 e da autoria de José Rodrigues (1936-2016), foi objeto de um restauro iniciado em 2016 pela Câmara do Porto.
De acordo com o portal oficial de turismo do Porto, é composto por uma esfera de mármore estremoz raiado de 3,5 metros de diâmetro, dois prismas irregulares com 20 e 10 metros de altura e bases iirregulares equiláteras de seis e cinco metros de lado, respetivamente, e ainda por uma pirâmide de quatro metros de altura e base triangular equilátera de um metro de lado.
"O conjunto é animado com efeitos de água e luz", pode ainda ler-se no portal Visit Porto.
De acordo com o Atlas do Património Classificado e em Vias de Classificação da Direção-Geral do Património Culutral, o monumento encontra-se geograficamente inserido na zona de património imóvel classificado do Conjunto urbano da Avenida da Boavista, entre o Pinheiro Manso e a Avenida Marechal Gomes da Costa.
Relativamente à zona geográfica adjacente, a Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN) disse à Lusa, em 25 de maio, desconhecer o projeto do 'metrobus' do Porto e vincou a necessidade de parecer vinculativo em zonas classificadas, algo com que a Metro do Porto discorda.
"A Direção Regional de Cultura do Norte desconhece o projeto em causa, mas uma parte da Avenida Marechal Gomes da Costa está abrangida pela Zona Especial de Proteção do Parque de Serralves", respondeu fonte oficial da DRCN à Lusa.
A direção regional acrescentou ainda que "qualquer intervenção ou obra na zona de proteção ou no imóvel classificado carece de parecer prévio vinculativo das duas entidades: DRCN e DGPC [Direção-Geral do Património Cultural]".
Em resposta à agência Lusa, fonte oficial da Metro do Porto disse que a DRCN e DGPC não têm de ser consultadas e que "só haveria necessidade de parecer ou consulta caso se mexesse no edificado" da zona.
Em causa está o impacto que o troço do BRT [Bus Rapid Transit, vulgo 'metrobus'] Boavista - Império terá na Avenida Marechal Gomes da Costa, que terá três estações desenhadas pelo arquiteto Álvaro Siza: Serralves, João de Barros e Império.
Na Avenida Marechal Gomes da Costa, que não terá via dedicada para o novo meio de transporte (conviverá com o automóvel), serão alinhados os separadores centrais arborizados, que não sofrerão impactos de maior, bem como unidas algumas secções desses separadores, permitindo-se ainda o cruzamento rodoviário para a Avenida da Boavista sem semáforo, no sentido da rotunda homónima.
O investimento no BRT é totalmente financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e chega aos 66 milhões de euros, valores sem IVA, e a empreitada deverá começar em julho.
Estão previstas as estações Casa da Música, Guerra Junqueiro, Bessa, Pinheiro Manso, Serralves, João de Barros e Império, no primeiro eixo, e na secção até Matosinhos adicionam-se Antunes Guimarães, Garcia de Orta, Nevogilde, Castelo do Queijo, e Praça Cidade do Salvador.