Montenegro não terá o apoio de Miguel Pinto Luz
Luís Montenegro ainda não deu nenhum vislumbre público que será candidato à liderança do PSD mas tem andado em contactos internos, garantem ao DN fontes do partido. E um desses contactos foi com outro potencial candidato à corrida às eleições internas, no caso Miguel Pinto Luz.
Montenegro - que já se confrontou com Pinto Luz nas diretas de 2019, e contra Rui Rio - esteve a a avaliar a possibilidade de uma candidatura de "unidade" para o partido.
Mas o DN sabe que Miguel Pinto Luz não irá dar apoio ao antigo líder parlamentar e ainda equaciona se avança para uma recandidatura à liderança. Mas se não o fizer, as suas tropas estarão muito provavelmente ao lado de Montenegro.
Nas recentes diretas de 2021, Miguel Pinto Luz apoiou a candidatura de Paulo Rangel, mas as mesmas fontes garantem ao DN que mesmo que o eurodeputado avance novamente já não contará com este ativo na corrida à liderança.
"Paulo Rangel já se candidatou duas vezes à liderança e duas vezes perdeu", recorda uma fonte do PSD para justificar a necessidade de Pinto Luz não voltar a depositar o seu apoio em Rangel.
O eurodeputado tem estado a ponderar uma candidatura à liderança, mas se parte dos seus apoios - e recebeu das principais estruturas do partido - acabarem por pender para Montenegro, poderá não concretizar a terceira tentativa de comandar o PSD.
"Será difícil não o apoiar, teríamos de ter mudado de opinião em três meses", afirma Alberto Machado, presidente da distrital do Porto do PSD, sobre a eventualidade de Rangel vir a ser recandidato. Mas, sublinha, "é extemporâneo estar a falar de candidaturas quando o presidente do partido ainda não se demitiu, nem apresentou um cronograma para as eleições e congresso".
Quando se candidatou contra Rui Rio, a distrital do Porto, em comunicado assinado por 17 autarcas e dirigentes, incluindo Alberto Machado, elogiava a capacidade e liderança do eurodeputado, cujas as qualidades políticas e pessoais eram vistas como a "melhor garantia para agregar o PSD e ganhar o país".
Mesma convicção tiveram na altura os presidentes das distritais de Lisboa, Coimbra, Beja, Viseu, Castelo Branco e Santarém e um conjunto vasto de presidentes de câmara sociais-democratas como de Bragança (Hernâni Dias), Esposende, (Benjamin Pereira), Vila Nova de Famalicão (Mário Passos), Póvoa de Varzim (Aires Pereira) e Santa Maria da Feira (Emídio Sousa).
Resta saber se estes apoios se manterão caso decida avançar ou se alguns vão transferir-se para Montenegro, que recebeu logo à partida, dois dias após a derrota pesada nas legislativas, o incentivo do líder da distrital de Aveiro do PSD, Salvador Malheiro, que o considerou o melhor colocado para suceder a Rio.
Fontes do PSD consideram que as tropas de Salvador Malheiro podem, no entanto, dividir-se caso José Ribau Esteves, presidente da Câmara de Aveiro, decida mesmo avançar com uma candidatura à presidência do partido. O autarca foi o primeiro a assumir que está a ponderar essa possibilidade.
Montenegro, referem as mesmas fontes, apesar de procurar a "unidade" que lhe dê a vitória, gostaria de ter um adversário para "legitimar a sua conquista da liderança".
Para que a candidatura (ou candidaturas) se concretizem é preciso que a direção nacional dê seguimento à recomendação que saiu do Conselho Nacional de no prazo de 20 dias marcar nova reunião do órgão máximo entre congressos para fixar a data das diretas e do respetivo congresso. O que deverá acontecer na reunião da próxima semana da Comissão Política Nacional do PSD.
"A recomendação do Conselho Nacional vai ao encontro da vontade do presidente do partido, que disse que queria sair até julho", frisa Alberto Machado.
O dirigente distrital assume que "teria sido muito mais fácil para o PSD se, na sequência do resultado das eleições, o presidente do partido se tivesse demitido. E não precisava de ser no dia, nem no dia seguinte. Bastava ter chegado ao Conselho Nacional com essa decisão e com o cronograma do processo eleitoral e tinha-se poupado novo Conselho Nacional", frisa.
Alberto Machado reforça a ideia de que "a transição de liderança é importante numa fase de início de nova legislatura e que requer um PSD ativo e forte para fazer oposição ao PS".
O presidente da distrital do Porto do PSD, uma das maiores, sublinha que "todo o partido está à espera" que Rio se demita e abra o processo de transição. "Haverá um limite a partir do qual não é bom para Rui Rio manter-se na liderança, o prolongamento não é bom para a sua reputação", assegura, explicando que apesar de saber que o líder não está agarrado ao poder o que "transparece para a opinião pública é que está".