Moedas com nova polémica. Agora é Vasco Gonçalves

Presidente da câmara concordou com a ideia de se fazer uma estátua (ou busto) ao líder do PREC. CDS avisou logo que vota contra
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Sucedem-se as polémicas em torno da gestão de Carlos Moedas (PSD) na Câmara Municipal de Lisboa (CML). Agora o problema é o projeto de fazer uma estátua (ou um busto) de homenagem ao general Vasco Gonçalves (1921-2005), o militar, muito próximo do PCP, que chefiou quatro governos provisórios, de julho de 1974 a setembro de 1975, no chamado PREC (Período Revolucionário Em Curso). Moedas mostrou-se favorável à iniciativa - que partiu da Associação Conquistas da Revolução (ACR). Mas isso desencadeou imediatamente protestos, não só na oposição municipal como também dentro da coligação "Novos Tempos" (PSD, CDS, Aliança, MPT e PPM), que governa a autarquia.

Na reunião pública do executivo camarário que decorreu quarta-feira, coube ao presidente da ACR, Manuel Begonha, apresentar a proposta desta homenagem, recordando que o fazia ali porque o presidente da câmara não lhe tinha respondido a três pedidos de audiência.

Citaçãocitacao"É óbvio que, para nós, será sempre uma honra e um gosto continuar a homenagear o senhor general Vasco Gonçalves."

E o presidente da câmara responderia assim: "Em relação, concretamente, à construção de um monumento, eu penso que trabalharemos convosco um bocadinho mais na definição desse monumento, se seria uma estátua ou se seria um busto."

Segundo acrescentou, houve já algumas homenagens feitas pela Câmara de Lisboa a Vasco Gonçalves, inclusive a atribuição do seu nome a uma rua junto à Quinta das Conchas, considerando que "é importante para a democracia" continuar a homenageá-lo na cidade. Portanto, "é óbvio que, para nós, será sempre uma honra e um gosto continuar a homenagear o senhor general Vasco Gonçalves". "Vou dar ordem para que isso aconteça e para que se possa começar a trabalhar nesse sentido."

Citaçãocitacao"[Vasco Gonçalves] simboliza o pior do PREC, na deriva tentada pela extrema-esquerda para implantação de um regime totalitário em Portugal."

Esta quinta-feira, o CDS-PP - partido aliado de Moedas na governação de Lisboa - avisou que "votará contra todas as propostas, de qualquer origem partidária ou oriundas da sociedade civil, neste sentido". A líder do partido na Assembleia Municipal de Lisboa (AML), Isabel Galriça Neto, recordou que o CDS "esteve sempre na linha da frente do combate político a tudo aquilo que Vasco Gonçalves significou".

Ou seja: o general "simboliza o pior do PREC, na deriva tentada pela extrema-esquerda para implantação de um regime totalitário em Portugal", tendo sido "obreiro das nacionalizações, da reforma agrária, das ocupações e de perseguições arbitrárias a pessoas que tinha como opositores". Até o ex-líder do CDS Manuel Monteiro protestou: "Seria vantajoso que o presidente da câmara, numa matéria desta natureza, tivesse o cuidado de nunca se esquecer que lidera uma câmara em coligação", disse, à Lusa.

Na oposição, a Iniciativa Liberal , que tem três eleitos na Assembleia Municipal de Lisboa, também condenou "veementemente" a ideia, considerando-a uma "afronta às vítimas do PREC". "Continuar a homenagear alguém que quis uma ditadura de esquerda em Portugal seria um erro gravíssimo por parte do executivo camarário", avisou o líder dos liberais na AML, Miguel Ferreira da Silva.

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