Modelo belga causa indignação ao posar nua frente ao Muro das Lamentações
"Este é um incidente sério e grave", reagiu em comunicado a fundação responsável pela administração do Muro das Lamentações, em Jerusalém. E Shmuel Rabinovitch, o rabino do Muro Ocidental, lamentou um caso que "ofende todos os que vão orar neste local sagrado". Estas são apenas duas das condenações de que Marisa Papen foi alvo após posar nua diante do Muro, o local mais santo para os judeus.
A modelo belga de 26 anos publicou no Instagram uma foto sua, sem roupa, numa espreguiçadeira, tirada numa esplanada em frente ao Muro das Lamentações, que surge como pano de fundo. A imagem integra a exposição Frank Rose - Will Take Cash for Art que inaugurou há dias na Bélgica.
Na fotografia, intitulada Caminho para a Liberdade, não se vê a Mesquita de Al-Aqsa, situada na Esplanada das Mesquitas, por cima do Muro. "Devido à natureza provocatória da imagem, penso que [a mesquita] terá sido apagada], afirmou ao Haaretz Michael Freilich, diretor do Joods Actueel, um mensal judaico holandês.
O fotógrafo Mathias Lambrecht, autor da imagem, garante que não é verdade. "A imagem não foi retocada. A mesquita não estava no enquadramento. Não havia nada para apagar", afirmou à Jewish Telegraphic Agency.
Esta está longe de ser a primeira polémica para Papen. A modelo esteve presa 24 horas no Egito em 2017 após posar nua junto a vários templos, no âmbito de uma sessão fotográfica.
Nudez como forma de liberdade
Na sua página na Internet, Marisa Papen descreve a sua filosofia de vida como "uma liberdade nua em que as máscaras caem e são lançadas ao mar". Basta dar uma olhadela ao seu Instagram para perceber que a modelo surge nua em quase todas as imagens, tiradas em vários locais diferentes um pouco por todo o mundo.
E num post a que deu o título The Wall of Shame (O Muro da Vergonha) publicado no sábado Papen explica que a sua experiência de encarceramento no Egito a fez querer "empurrar os limites da religião e da política ainda mais... ao mostrar a minha religião pessoal num mundo em que a liberdade se tornou num verdadeiro luxo".
A visita da modelo a Israel coincidiu com os 70 anos da criação do Estado hebraico e a polémica mudança da embaixada dos Estados Unidos de Telavive para Jerusalém.
Perante a onda de indignação que a sua fotografia causou junto das autoridades religiosas israelitas, Papen reagiu no Facebook, afirmando-se "perplexa que pessoas que acreditam que um Deus que criou os nossos corpos (sim, inclusive as mamas e as partes íntimas) pode achar que mostrar a pele é ofensivo".
Alguns dos comentários online acusavam a modelo belga de antissemitismo e de ter apagado propositadamente a Mesquita de Al-Aqsa e outros locais santos dos muçulmanos para poupar sensibilidades. Ao The Times of Israel, Papen negou as acusações e garantiu que as opções foram se prenderam apenas com critérios artísticos.
O Muro Ocidental, mais conhecido como Muro das Lamentações, é o último vestígio da fortaleza que rodeava o segundo templo judaico nos tempos do rei Herodes.