MNE maliano quer manter militares franceses no país
"Com o fim do avanço dos terroristas e a libertação das três grandes cidades do norte, a operação francesa vai permitir a instalação nesta zona do exército maliano e da Misma, a missão africana de apoio ao Mali. Mas, face a combatentes aguerridos cujo arsenal é preciso destruir, desejamos que a missão continue. Sobretudo porque a dimensão aérea é muito importante", declarou Coulibaly numa entrevista ao semanário francês 'Le Journal du dimanche'.
O presidente francês, François Hollande, que no sábado visitou o Mali, disse na altura que a França ficará "o tempo que for preciso" no Mali.
Hoje, horas depois da partida do presidente francês, o estado-maior das forças armadas francesas informou ter havido "importantes ataques aéreos" no norte de Kidal, o último bastião dos radicais islamitas no norte do Mali.
Estes bombardeamentos, no norte de Kidal e na região de Tessalit, visavam "depósitos logísticos e centros de treino" dos grupos islamitas armados, precisou o porta-voz do estado-maior das forças francesas, o coronel Thierry Burkhard.
Após as tomadas sucessivas de Gao e Tombuctu, os soldados franceses tomaram o controlo, há cinco dias, do aeroporto de Kidal, cidade ocupada pelos rebeldes tuaregues e pelos islamitas dissentes, que se afirmam "moderados".
O Mali vive uma profunda crise desde 22 de março, quando um golpe de Estado perpetrado por membros do Exército maliano afastou o Presidente eleito, Amadou Toumani Touré.
Os militares protestavam contra a falta de atenção que o Governo de Bamako estava a dedicar à rebelião tuaregue no norte do país, mas o golpe de Estado não fez mais do que agravar a situação na zona.
Aproveitando o vazio de poder em Bamako, o Movimento Nacional de Libertação de Azawad (MNLA) proclamou unilateralmente, em abril, a independência da região setentrional do Mali, de 850.000 quilómetros quadrados.
Diversos grupos islamitas, como a Al-Qaida no Magrebe Islâmico (AQMI), o Monoteísmo e Jihad na África Ocidental (MYAO) ou o Ansar Al Din ganharam força na região, retirando o controlo das mãos dos tuaregues e estabelecendo na zona uma versão da sharia, lei islâmica.
Temendo que a sua antiga colónia se tornasse um santuário para radicais ligados à Al Qaeda, a França decidiu intervir no Mali a 11 de janeiro, tendo no terreno quase 3.000 militares, aos quais deverá juntar-se uma força militar africana, de perto de 6.000 soldados.
A falta de recursos financeiros e logísticos tem atrasado o destacamento desta força africana.