MNAA compra Retrato de D. João V à boleia de Sequeira
Era um antigo desejo do Museu Nacional de Arte Antiga e agora, graças à campanha de angariação de fundos para a compra da Adoração dos Magos do pintor português Domingos Sequeira, pôde finalmente ser realizado.
Revelado em 1962 pelo historiador Armindo Ayres de Carvalho (na obra D. João V e a arte do seu tempo: Arquitectos de el-rei D. Pedro II e D. João V), o Retrato de D. João V e a Batalha do Cabo Matapão, do pintor Giorgio Domenico Duprà, encontrava-se nessa época exposto na embaixada do Brasil em Haia.
Em 2012, quando o MNAA resolveu perseguir o rasto da pintura, para que esta pudesse fazer parte da exposição A Encomenda Prodigiosa. Da Patriarcal à Capela Real de São João Baptista, descobriu, após morosa investigação, que a mesma pertencia ao embaixador brasileiro (não à embaixada do Brasil em Haia) e que, passados 50 anos, continuava na coleção da sua família. A obra foi mostrada em Portugal pela primeira vez, na exposição que o MNAA inaugurou a 18 de maio de 2013, tendo justamente constituído a capa do respetivo catálogo.
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Tendo tido conhecimento da campanha "Vamos pôr o Sequeira no lugar certo", "os descendentes do antigo embaixador em Haia, atuais proprietários da obra, propuseram ao Grupo dos Amigos do Museu Nacional de Arte Antiga (GAMNAA) a sua compra, por um valor de 100 mil euros", refere nota do museu.
Dado o sucesso da campanha de crowdfunding "Vamos pôr o Sequeira no lugar", que angariou um total de 745 623,40 euros, acima dos 600 mil euros necessários para a compra da obra de Domingos Sequeira, foi possível agora concretizar a compra do Retrato de D. João V, o Magnânimo, pintado por Duprà, um importantes retratista do seu tempo, que não estava ainda representado na coleção do MNAA. Hoje o quadro juntou-se à Adoração dos Magos, na nova Galeria de Pintura e Escultura Portuguesas do Museu das Janelas Verdes, inaugurada a 14 de julho.
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Retratista preferido do rei, Giorgio Domenico Duprà nasceu em Turim e chegou à corte portuguesa em 1719, acabando por habitar no próprio paço real. D. João V (1689-1750) é representado nesta obra
om cerca de 30 anos, a três quartos e em traje militar, tendo como fundo a Batalha do Cabo de Matapão (1717), no extremo sul da Grécia, um dos últimos grandes conflitos navais com participação da armada portuguesa. Encomendada provavelmente para ser replicada e difundida noutras cortes europeias, a pintura exalta a vitória sobre a armada turca que ameaçava a Península Itálica, um feito que muito contribuiu para a redefinição do papel da coroa portuguesa no quadro político da Europa da época.