Ministro tem de investigar problema de acesso a remédios
"Agora que as notícias já são factuais e reais e que se demonstrou a razão da Ordem em denunciar estas situações de dificuldade de acesso aos medicamentos, esperamos que o ministro da Saúde cumpra aquilo que afirmou", disse aos jornalistas José Manuel Silva.
O ministro da Saúde, Paulo Macedo, "é um homem de palavra" e vai mandar "investigar estas situações, para que não haja doentes, em diferentes zonas geográficas do país, prejudicados relativamente a outros", sublinhou o bastonário, que falava aos jornalistas, depois de ter participado numa reunião da OM em Coimbra.
Paulo Macedo assegurou, hoje, que irá analisar os "casos concretos" de proibição de prescrição de medicamentos por parte de alguns hospitais e "dar-lhes consequência", reagindo, assim, à denúncia, feita quarta-feira à noite pelo bastonário da OM.
O bastonário revelou, então, que há situações de clínicos que estão a ser proibidos de prescrever os medicamentos que consideram adequados para os seus doentes.
"Todos os doentes portugueses devem ser tratados de igual modo e devem ter direito de acesso aos medicamentos inovadores que lhes podem curar doenças crónicas, não só melhorando a sua qualidade de vida", como também permitindo que retornem, como "cidadãos ativos, ao mundo do trabalho", sustentou.
A prescrição daqueles medicamentos também poupará custos ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), pois, ao evitar a evolução de certas doenças, está-se a poupar recursos, disse Jsér Manuel Silva.
Uma hepatite C ao evoluir para "cirrose, cancro de fígado ou transplante hepático" aumenta a despesa, a médio e longo prazo", exemplificou José Manuel Silva, considerando que é preciso "planeamento e pensar no futuro".
Instado a comentar os pedidos de demissão de dois dos sete elementos do Conselho Nacional de Ética e Deontologia Médicas (CNEDM) da OM, o bastonário disse que "a grande" e "primeira preocupação" da Ordem "é a saúde dos doentes", a "qualidade do SNS" e "os direitos dos doentes",
"Não nos preocupamos com aquilo que outros se possam preocupar", adiantou, acrescentando que, "infelizmente, parece que haverá alguma situação de conflito de interesses que poderá estar a condicionar algumas posições" de elementos do CNEDM.
A OM, assegura José Manuel Silva, "não deixará nunca que conflitos de interesses possam pôr em causa a defesa dos doentes, a defesa da qualidade da saúde e a defesa do direito dos doentes terem acesso a medicação que lhes pode ser vital e não só prolongar a vida como curar doenças e aumentar a qualidade de vida", sublinhou.
A Ordem "continua a aguardar a resposta às questões colocadas", ao CNEDM, sobre o parecer da Comissão Nacional da Ética para as Ciências da Vida, sobre o racionamento/racionalização de medicamentos.
"Se alguns dos seus elementos [do Conselho de Ética da OM] reiterarem o seu pedido de demissão, naturalmente, nós aceitamos e nomearemos novos elementos" e "solicitaremos" que o novo órgão se "pronuncie sobre estas questões relevantíssimas para a sociedade", salientou José Manuel Silva.