O ministro da Educação, João Costa, defendeu esta quinta-feira que "é tempo de recuperar a serenidade" e continuar a negociar com os professores, prometendo a "boa-fé" do Governo para resolver "problemas antigos" da profissão.."O Governo está a resolver problemas antigos dos professores em boa-fé negocial. Integrando sugestões e propostas já recebidas nas reuniões anteriores. Ouvindo a voz e as propostas dos professores, num movimento de aproximação a várias reivindicações", disse o ministro da Educação no plenário da Assembleia da República..João Costa falava no debate de urgência requerido pelo Chega sobre o tema "Greves e reivindicações dos professores", depois de ter ouvido críticas de vários partidos..O governante sublinhou que a "vontade de diálogo e negociação nunca foi interrompida".."É tempo de recuperar a serenidade, de continuar a negociar e sobretudo de garantir que após dois anos de pandemia as escolas funcionam com normalidade, para que não tenham um terceiro ano letivo com perdas nas aprendizagens", afirmou..João Costa considerou que o Governo continua "em diálogo construtivo, sereno" com os professores, estando comprometido "com a resolução dos problemas".."Vimos a este debate a requerimento de um partido, o Chega, cujo programa eleitoral fui ler com interesse. O programa eleitoral com que o Chega se apresentou nas últimas [eleições] legislativas diz o seguinte sobre carreiras de professores: nada, rigorosamente nada", atirou João Costa à bancada de André Ventura..Numa alusão aos tempos em que Ventura era militante do PSD, João Costa defendeu que o programa do Chega "volta a afirmar a vontade de fazer da escola pública apenas uma oferta, com o explícito, e aí bem referido, propósito de desviar dinheiros públicos para as escolas privadas como já se fez no passado no tempo em que o senhor Ventura ainda era militante do partido que governava com muito orgulho, e em devido tempo corrigido pelo PS"..Na opinião do governante, o Chega está "apenas a navegar a onda do descontentamento"..João Costa criticou os "retratos catastróficos sobre a escola pública" que disse ter ouvido por parte dos partidos durante o debate, "que só desmerecem também o trabalho dos profissionais como se a escola pública não tivesse um passado e um presente de sucesso".."Muitos do que aqui estão a criticar a escola pública estudaram felizmente na escola pública. Dá vontade de perguntar como é que chegaram aqui se a escola pública em Portugal é assim tão má", atirou..O ministro da Educação criticou "posições intransigentes, incompatíveis com a boa-fé de um processo negocial, sem preocupação real com a sustentabilidade das medidas ou com outras carreiras".."Aparentes solidariedades com os professores de quem já lhes cortou vencimentos no passado, de quem lhes cortou subsídios, de quem despediu 28 mil professores e agora vem apresentar uma solidariedade para tentar comover", afirmou, dirigindo-se à bancada do PSD..João Costa salientou várias das propostas que o Governo colocou na mesa negocial, como "a passagem dos atuais 10 quadros de zona pedagógica para 63, garantindo, em mais de 95% dos casos, distâncias máximas de 50 quilómetros", a "agilização dos mecanismos de permuta entre professores, por mútuo acordo, para potenciar a aproximação à residência" ou a "resolução dos problemas de ultrapassagens nas colocações e vinculações"..Entre outras propostas, João Costa salientou "a alteração das condições de vinculação, contabilizando o tempo de serviço acumulado e introduzindo um processo de vinculação dinâmica que permitirá vincular já este ano mais de 10.500 professores com o consequente reposicionamento na carreira e valorização salarial".