Ministro da Defesa do Brasil anuncia que deixará o cargo

Azevedo torna-se o segundo militar a deixar o Governo no intervalo de apenas duas semanas.
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O ministro da Defesa do Brasil, Fernando Azevedo e Silva, anunciou esta segunda-feira que deixará o cargo governamental, segundo fontes oficiais, naquela que é a segunda baixa no executivo de Jair Bolsonaro nas últimas 24 horas.

A informação foi confirmada à Lusa pela assessoria de comunicação do Ministério da Defesa.

"Agradeço ao Presidente da República, a quem dediquei total lealdade ao longo desses mais de dois anos, a oportunidade de ter servido ao país, como ministro de Estado da Defesa. Nesse período, preservei as Forças Armadas como instituições de Estado", disse Fernando Azevedo e Silva em comunicado.

"O meu reconhecimento e gratidão aos comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, e suas respetivas forças, que nunca mediram esforços para atender às necessidades e emergências da população brasileira. Saio na certeza da missão cumprida", concluiu o ministro, sem explicar os motivos que o levaram a deixar o executivo de forma inesperada.

O general Azevedo e Silva, que foi chefe do Estado-Maior do Exército brasileiro, foi escolhido por Bolsonaro para chefiar o Ministério da Defesa ainda em 2018, logo após vencer as presidenciais.

Até ao momento, o Palácio do Planalto ainda não anunciou nenhum substituto, nem informou se o sucessor do general será militar ou civil.

Azevedo torna-se assim o segundo militar a deixar o Governo no intervalo de apenas duas semanas, depois de o general Eduardo Pazuello ter sido substituído pelo médico Marcelo Queiroga no Ministério da Saúde.

Até à saída de Fernando Azevedo e Silva, oito dos 22 ministros da gestão Bolsonaro tinham formação militar.

O anúncio da saída de Azevedo e Silva surge apenas algumas horas após o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, ter pedido demissão após uma forte pressão de políticos ligados ao Presidente do país, Jair Bolsonaro, que o acusam de obstruir o acesso às vacinas contra a covid-19, divulgou a imprensa.

Araújo tem sido alvo de críticas pela condução da política externa brasileira, considerada isolacionista até mesmo entre os seus subordinados dentro do Itamaraty (sede do Ministério das Relações Exteriores, em Brasília), e pela sua dificuldade em negociar com outros países a entrega de vacinas e consumíveis para fabrico de imunizantes contra a covid-19.

Ministro do Governo de Bolsonaro desde o início (janeiro de 2019), Araújo liderou uma guinada ultraconservadora na política externa estreitando as relações com os Estados Unidos da América durante o executivo de Donald Trump, orientou mudanças de posições históricas do gigante sul-americano em instituições multilaterais e promoveu embates com importantes parceiros comerciais do país, nomeadamente a China.

O Governo brasileiro ainda não se posicionou oficialmente sobre o pedido de demissão e nem informou se aceitará ou não a renúncia.

De acordo com a imprensa local, pode estar em andamento uma reforma ministerial no executivo de Bolsonaro, que pode resultar na atribuição de pastas a membros do "Centrão" [bloco informal que reúne parlamentares de partidos de centro e centro-direita], que sustenta a base aliada do chefe de Estado no Congresso.

Com a saída de Ernesto e Azevedo, no mesmo dia, Jair Bolsonaro perde dois importantes membros de alas diferentes do Governo: da ala ideológica e da ala militar, respetivamente.

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