Ministra garante não ter detetado indícios de incumprimento da lei por Capitão Ferreira

Helena Carreiras afirmou que não sabe ao certo as razões que levaram às buscas na residência do ex-secretário de Estado da Defesa.
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A ministra da Defesa Nacional assegurou esta sexta-feira que no período em que Marco Capitão Ferreira esteve no Governo nunca detetou indícios de que incumpriu a lei e anunciou uma reestruturação orgânica da direção-geral de Recursos da Defesa.

"Embora não saiba ao certo as razões que levaram a buscas na residência do professor Marco Capitão Ferreira, posso assegurar que, no período em que trabalhei com ele, nunca detetei qualquer indício de que o secretário de Estado da Defesa Nacional não agia no estrito cumprimento das suas competências e no respeito pela Lei", assegurou Helena Carreiras.

A ministra está a ser ouvida no parlamento numa audição conjunta com o ministro dos Negócios Estrangeiros e anterior titular da pasta entre 2018 e 2022, João Gomes Cravinho, sobre a polémica que envolve o ex-governante Marco Capitão Ferreira, arguido na operação 'Tempestade Perfeita'.

Numa primeira intervenção, a ministra da Defesa disse ter decidido proceder "à reestruturação orgânica da Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional".

"Acredito que a fusão realizada no passado entre duas grandes direções-gerais, a de Pessoal e Recrutamento Militar, e a de Armamento e Infraestruturas de Defesa, representou uma enorme sobrecarga sobre os recursos humanos, concentrou em poucos os poderes de direção, e criou riscos que importa mitigar", sustentou a governante.

Helena Carreiras adiantou que, com esta reestruturação, pretende que "seja retomada uma Direção e Controlo efetivos, ao nível dos serviços, em matérias tão relevantes e tão sensíveis como os Recursos Humanos, o desenvolvimento de capacidades militares e o património da Defesa Nacional".

O ex-ministro da Defesa João Gomes Cravinho assegurou esta sexta-feira que não indicou Marco Capitão Ferreira para a polémica assessoria prestada à Direção-Geral de Recursos da Defesa, remetendo a responsabilidade para o antigo responsável Alberto Coelho.

"Antecipando já alguma questão neste sentido, acrescento que não houve, em nenhum momento, qualquer indicação da minha parte a esse respeito, até porque não me competia interferir no funcionamento interno da DGRDN [Direção-geral de Recursos da Defesa]", afirmou João Gomes Cravinho.

Em causa está um contrato de assessoria no âmbito da renegociação dos contratos de manutenção dos helicópteros EH-101, assinado entre a DGRDN e Marco Capitão Ferreira no valor 61,5 mil euros e que foi executado em quatro dias.

Gomes Cravinho sublinhou que a decisão de contratar Marco Capitão Ferreira "foi única e exclusivamente" da DGRDN e do seu então diretor-geral, Alberto Coelho, um dos arguidos na operação 'Tempestade Perfeita' também envolvido na polémica derrapagem dos custos das obras do antigo Hospital Militar de Belém.

Os termos do contrato, seja a duração ou o valor, também foram unicamente da responsabilidade de Alberto Coelho, segundo Gomes Cravinho.

"Acrescento ainda que desconhecia os termos do contrato estabelecido", assegurou.

Sobre a sua relação com Marco Capitão Ferreira, Gomes Cravinho afirmou que não conhecia o ex-governante (que se demitiu há exatamente duas semanas) antes de assumir funções como ministro da Defesa.

"Ao entrar em funções, rapidamente me apercebi de que ele era uma das raras pessoas com conhecimento aprofundado nesta área muito especializada. A sua designação para as funções de presidente da idD [Portugal Defence] ficou a dever-se exclusivamente à sua trajetória académica e profissional, com uma estreita ligação às indústrias de defesa, e o exercício de funções de responsabilidade", acrescentou.

Mais à frente, questionado pelo PS, o anterior ministro da Defesa disse que nunca duvidou da competência de Marco Capitão Ferreira, nem viu essas dúvidas na praça pública ou na oposição, até ao momento da saída do anterior secretário de Estado.

Sobre o facto de ter nomeado Capitão Ferreira para a idD Portugal Defence e a Empordef, considerou-a "apropriada" e que o antigo governante "fez um bom trabalho nessas funções.

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