Ministério Público turco pede duas penas perpétuas para Gulen
O Ministério Público da Turquia pediu a condenação de Fethullah Gulen, acusado de instigar um golpe de Estado, a duas penas de prisão perpétua e a uma pena acessória de 1.900 anos de prisão, noticiaram hoje 'media' estatais.
A ata de acusação aprovada pelo Ministério Público da região de Usak (oeste), de 2.527 páginas, acusa nomeadamente o pregador de "tentativa de destruição da ordem constitucional pela força" e de "formar e dirigir um grupo terrorista armado", segundo a agência Anadolu.
Treze dos 111 suspeitos nomeados na acusação vão ser mantidos em prisão preventiva, noticiou. Globalmente, os acusados enfrentam penas que vão dos dois anos de prisão a perpétua.
A ata refere igualmente que a chamada "organização terrorista Fethullah", como as autoridades turcas designam o movimento fundado pelo pregador (Hizmet), infiltrou arquivos governamentais através de membros colocados em instituições estatais.
O grupo utilizou fundações, escolas privadas, empresas, residências de estudantes, meios de comunicação e seguradoras para servir o propósito de assumir o controlo de todas as instituições estatais, acrescenta.
O grupo, alegam os procuradores, recolheu "donativos" junto de empresários que foram enviados para os Estados Unidos, onde Gulen está exilado desde 1999, através de empresas-fachada e recorrendo a bancos nos em Emirados Árabes Unidos, África do Sul, Tunísia, Marrocos, Jordânia e Alemanha, segundo a agência.
O processo judicial em causa foi aberto em setembro de 2015, antes do golpe de Estado falhado de 15 de julho, por ordem do Ministério Público de Usak, para investigar os ativos financeiros do movimento fundado por Gulen.
Fethullah Gulen tem sido repetidamente acusado pelas autoridades turcas de dirigir um "Estado paralelo" desde que foi revelado, em 2013, um escândalo de corrupção envolvendo o presidente, então primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan, e vários dos seus ministros e colaboradores.
A tentativa de golpe de 15 de julho, que fez 283 mortos e mais de 2.000 feridos, foi seguida de uma vaga de repressão das autoridades contra os apoiantes de Gulen, com dezenas de milhares de pessoas despedidas do exército, justiça, educação, saúde e administração pública e milhares de detenções.
A Turquia tem pressionado os Estados Unidos a extraditarem Gulen para ser julgado no país.
O pregador, de 75 anos, nega qualquer envolvimento na tentativa de golpe.