MIMO diz até para o ano, após 60 mil espetadores
Boa notícia para os fãs do Festival MIMO: a organização do evento anunciou as datas da terceira edição em Portugal: decorrerá de 20 a 22 de julho. "Um estrondoso sucesso", afirmou o presidente da Câmara, José Luís Gaspar, à assessoria do festival, sobre o resultado alcançado na edição que findou nas primeiras horas de segunda-feira. Segundo as estimativas das autoridades, terão estado cerca de 60 mil espetadores nos três dias de festival.
O MIMO 2017 terminou com o concerto de Manel Cruz. O vocalista dos extintos Ornatos Violeta estreou o tema Ainda não acabei para um público rendido desde o primeiro acorde. Igual recepção teve Rodrigo Amarante. Apesar de se ter apresentado com a garganta arranhada, o autor de Cavalo transbordava de alegria e emoção por se encontrar na terra dos seus antepassados. "Quem é meu primo?", perguntou. Perante os braços no ar, gracejou: "Vamos ter de dividir a herança". O concerto foi Rodrigo Amarante no seu melhor, um despejar de emoções através de uma voz ímpar do Brasil. Antes de concluir, o cantor ajoelhou-se em agradecimento ao público.
A compatriota Céu sucedeu-lhe em palco para dar a conhecer o último álbum. Um momento de viragem da carreira, Tropix conjuga sonoridades eletrónicas com MPB e o resultado é agradável, mas a cantora não tem o carisma para conseguir cativar de forma incondicional a audiência. Exatamente o oposto do grande momento do MIMO no domingo: Ala.Ni no pátio do Museu Amadeo de Souza-Cardoso. A inglesa com raízes caribenhas é dona de uma voz e de uma presença incomuns. Espontânea, comunicadora nata com quem está diante de si, leva quem a ouve ao vivo a lugares únicos, numa paisagem sonora algures entre o blues e o jazz. Um exemplo da originalidade de Ala.Ni foi o momento em que pegou nas folhas com letras (feitas pelos participantes de uma oficina que ministrou horas antes) e cozinhou, com o guitarrista que a acompanha, Marvin Dolly, um divertido "cadáver esquisito" em formato "bluesada". Ou como terminou o concerto, pondo todos a cantarolar "Oh yeah" enquanto ela comandava as operações em pé, em cima do banco.