Mimicat é um hino à portugalidade

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Mimicat é um Portugal que o país precisa de conhecer e valorizar. O seu cantar, o seu dançar e a sua postura (no palco e fora dele) mostram o Portugal que deve ser conhecido pela Europa e pelo resto do mundo: alegre, criativo e com enorme potencial.

A sua atuação é puro ritmo sem deixar de abrir espaço a surpresas. A sua energia resgata o país celebrizado pela literatura que inebria e que desbravou o mundo através dos mares, mas que tem estado queixoso, triste e acinzentado. Um comportamento que, por vezes, inadvertidamente, parece deixar transparecer um sentimento de descrença no futuro como se o que restasse fosse honrar o passado.

Mimicat resgata um otimismo e uma vontade de fazer acontecer que Portugal necessita como de pão para a boca. A sua originalidade e a sua performance fazem-me lembrar uma mistura de Ana Moura (que não é valorizada como deveria) com a brasileira Marisa Monte e uma pitada de atrevimento suplementar.

Ganhe ou não o Festival da Eurovisão 2023, Mimicat já é uma vencedora. O seu nome fica na história como a primeira vez que uma canção de livre submissão a concurso vence o Festival da Canção da RTP. Uma prova de que o improvável não é impossível.

Um dos seus trunfos é exibir a portugalidade cantando em português. O que, na minha opinião, não deveria sequer ser motivo de realce, mas sim uma exigência. Como representar o país num festival internacional sem cantar na língua pátria? É, no mínimo, incongruente. Há menos de uma semana estávamos a comemorar o Dia Mundial da Língua Portuguesa e a ostentar, com orgulho, que é o quarto idioma mais falado do mundo (depois do mandarim, do inglês e do espanhol) - de acordo com dados de 2022 do Instituto Camões.

O figurino de Mimicat é um hino a Portugal. A cor nacional, que esteve presente na final do Festival da Canção, ganhou ainda mais proeminência na semifinal da Eurovisão. Um vermelho vivo e vibrante, como o sangue que corre nas veias e alimenta a vida.

Mimicat em palco é uma festa. É um cartão-postal que convida a conhecer Portugal, fazendo lembrar que o país tem das temperaturas mais agradáveis da Europa, com praias paradisíacas e cenários idílicos.

A cereja no topo do bolo foi o grande coração de Viana do Castelo que ostentou no peito, apresentando à Europa uma obra de arte originária do Minho, levando ao mundo um dos símbolos da cultura e das tradições portuguesas. Ou não fosse o Eurofestival o maior espetáculo europeu de música e um dos eventos com mais audiência televisiva no mundo.

Participar no festival da Eurovisão é isto. É representar com orgulho o país, a sua língua, as suas cores, a sua cultura e as suas tradições.

Haja coração para a emoção que se aproxima. Estamos na torcida por "Ai coração", que representa o coração de Mimicat e o nosso também. Por que o amor é universal.

*Jornalista, diretora do Notícias de Famalicão e mestranda em Comunicação Acessível, Diversidade Cultural e Inclusão Social

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