Militantes elegem hoje o novo líder do PSOE
Um economista madrileno, um escritor andaluz e um professor basco disputam hoje a liderança do PSOE - a maior formação da oposição em Espanha. Pela primeira vez, o secretário-geral do partido é eleito de forma direta. Cerca de 200 mil militantes são chamados a participar, por voto secreto, na escolha do sucessor de Alfredo Pérez Rubalcaba. Demissionário, este reconheceu que o futuro líder dos socialistas espanhóis "tem uma tarefa enorme à sua frente": a de conseguir renovar um partido que já tem 135 anos.
Rubalcaba, de 62 anos, demitiu-se da liderança do PSOE depois do mau resultado obtido nas europeias de maio. Não só os socialistas ficaram em segundo lugar, atrás do Partido Popular do primeiro-ministro Mariano Rajoy, como perderam eurodeputados. E ainda viram um novo movimento civil de esquerda, o Podemos, capitalizar uma grande parte do descontentamento popular que existe em relação à crise económica e financeira e à austeridade a ela associada. Ex-porta-voz e ex-ministro nos governos de Felipe González e José Luis Rodríguez Zapatero, Rubalcaba vai deixar mesmo o seu lugar de deputado no Parlamento espanhol, saindo de vez da vida política.
"O partido atravessa uma crise porque os cidadãos nos retiraram aos poucos a sua confiança", disse à AFP Begoña Crisellys, eleita local da área de Madrid. Ela defende a necessidade de o partido fazer uma viragem mais à esquerda. Talvez por isso Pedro Sánchez, o candidato que mais assinaturas conseguiu para se candidatar a líder do PSOE, sinta a necessidade de contra-atacar perante as investidas do líder do Podemos, Pablo Iglesias.
"Escuto-te com respeito, um partido com 135 anos tem muito a aprender com um partido recém-nascido como o teu, mas não vou tolerar que me chames casta. Não vais dar-nos lições de democracia ou de humildade", disse o economista madrileno de 42 anos, durante uma troca de declarações no início de junho no programa Las Mañanas de Cuatro. Iglesias chamou-lhe casta para dar a entender que o socialista pertence a uma classe de privilegiados com acesso aos recursos do poder. "Pedro, el Guapo", é como lhe chamam, segundo alguns media espanhóis.
O PSOE encontra-se "num momento crítico e delicado", disse há dias José António Tapias, o andaluz de 59 anos que também disputa amanhã a sucessão de Rubalcaba. Citado pela Europa Press, Tapias, que é dos três candidatos o que mais defende uma viragem radical do PSOE à esquerda, lembrou que nas europeias de maio o partido teve 3,5 milhões de votos, quando nas legislativas de 2008 conseguira 11 milhões de votos. "A cidadania retira-nos a confiança", afirmou, citado pela mesma agência. No entender de Tapias, o PSOE precisa de "antídotos" para "se livrar de toda a contaminação neoliberal sofrida durante décadas".
Já Eduardo Madina, o mais jovem dos três candidatos a secretário-geral do PSOE, com 38 anos, defende que o que é preciso é um choque de modernidade no país. "Espanha não precisa de pequenas reformas, pequenos passos em frente que depois são passos para trás nos governos do PP. O que precisa é de um autêntico choque de modernidade que coloque o país e os seus cidadãos no lugar em que merecem no mundo", disse o mês passado, citado pela rtve.es, o historiador basco.