Milhares em Madrid contra indulto a catalães
A Polícia Municipal estimou a participação em 126 mil pessoas, a Delegação do Governo na região de Madrid, com base em dados da Polícia Nacional, disse que estiveram na Plaza Colón 25 mil pessoas: os espanhóis não se entendem sobre um número, muito menos sobre a possibilidade de um indulto aos nove políticos catalães condenados por sedição e desvio de fundos a penas de prisão entre nove e 13 anos na sequência da realização do referendo de 2017. A plataforma cívica Unión 78, da ex-socialista Rosa Diez, convocou a manifestação contra o governo de Pedro Sánchez, que foi aproveitada pela extrema-direita do Vox para tentar ganhar pontos.
Às palavras de ordem contra o chefe do governo de coligação PSOE-Podemos, outras se juntaram contra os líderes do Partido Popular (PP), Pablo Casado, e Ciudadanos, Inés Arrimadas. Além de assobiados, receberam o epíteto de traidores e cartazes com mensagens críticas.
À prova de apupos, o líder do Vox, Santiago Abascal, mas também a presidente da região, Isabel Díaz Ayuso. Antes de desfilar para a praça onde decorreu a manifestação, à porta da sede do PP, Ayuso levou a controvérsia para outro plano: "Que vai fazer o rei de Espanha? Vai assinar esses indultos? Vai ser cúmplice?" A retórica foi de pronto condenada pelo Ciudadanos, que lamentou a "barbaridade" e o "populismo" de Ayuso. O partido de Arrimadas lembrou as limitações que a Constituição atribui ao monarca - uma vez aprovada uma lei em conselho de ministros resta ao rei promulgá-la.
Na manifestação, à qual os três líderes da direita assistiram em pontos diferentes, a plataforma cívica acusou o governo de ser "inepto, parasitário e autoritário" e considerou a possibilidade de levar por diante um indulto um "atentado à democracia". "Um governo que insulta, como insultou hoje mais de metade do país, chamando-lhe de extrema-direita, não é um governo para todos, mas um poder exclusivo, sectário e perigoso", disse Rosa Diez.
A vice-primeira-ministra Carmen Calvo criticara a direita, ao acusá-la de "não compreender nem a história de Espanha nem os acontecimentos recentes pelos quais também deveria estar a pedir desculpa". E ao PP em particular aconselhou uma "reflexão do que fizeram durante dez anos contra a Catalunha".
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