Milhares de pessoas nas ruas em Espanha, em protesto convocado pela extrema-direita

No ano passado, os preços da energia em Espanha aumentaram 72%, um dos maiores aumentos dentro da União Europeia e os custos subiram ainda mais desde a invasão da Ucrânia, numa crise que vem logo após a pandemia.
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Milhares de manifestantes juntaram-se nas ruas de Espanha, este sábado (19), em protesto contra o aumento dos preços da comida, luz e combustível, que foi exacerbado com a invasão russa da Ucrânia.

Os comícios, que aconteceram nas principais cidades de Espanha, foram convocados pelo partido de extrema-direita Vox, que procura explorar o crescente descontentamento social com o custo de vida que deixou muitas famílias com dificuldades para pagar suas contas.

Do lado de fora da Câmara Municipal de Madrid, reuniu-se uma multidão de vários milhares de pessoas, a agitar bandeiras espanholas e a exigir a demissão do primeiro-ministro socialista Pedro Sanchez.

"Sanchez és um lixo, baixa as nossas contas", gritavam juntamente a gritos patrióticos de "Viva Espanha!", num comício a exigir ação do governo para baixar os preços.

"Temos o pior governo possível. Nem é um governo, é uma fábrica de miséria.... que saqueia e extorque os trabalhadores através de impostos abusivos", disse o líder do Vox, Santiago Abascal. "Não vamos deixar as ruas até este governo ilegítimo ser expulso".

Este governo "está a tirar tudo de nós", disse Anabel, uma manifestante de 56 anos. "Eles aumentam o preço da luz e do gás e dizem que é por causa do (presidente russo Vladimir) Putin, mas isso é mentira. Já era assim antes", disse à AFP.

"Os preços da luz realmente afetam a minha família, porque alguns de nós trabalham a partir de casa, e dificilmente podemos ligar o aquecimento porque o preço do gás quase duplicou nos últimos seis meses".

Muitos disseram que o governo devia baixar os impostos para ajudar aqueles em dificuldade.

"Um país que aumenta os preços desta forma e não ajuda os seus cidadãos ao baixar parcialmente os impostos, está a abondar o seu povo", disse Francisco de 53 anos, desempregado. "Temos de forçar o governo a agir, ou retirá-los, pelo bem de Espanha".

No ano passado, os preços da energia em Espanha aumentaram 72%, um dos maiores aumentos dentro da União Europeia e os custos subiram ainda mais desde a invasão da Ucrânia, numa crise que vem logo após a pandemia.

Na segunda-feira os camionistas espanhóis declararam uma greve indefinida contra os preços do combustível, que logo se transformou em vários bloqueios e transportes, que causaram problemas na cadeia de fornecimento.

O aumento dos preços também levou a UGT e o CCOO, os dois maiores sindicatos de Espanha, a convocar uma greve nacional no dia 23 de março.

O governo prometeu tomar medidas para reduzir os custos da energia e do combustível, mas só vai apresentar o seu plano a 29 de março.

O primeiro-ministro Pedro Sanchez está atualmente a procurar uma resposta comum da União Europeia ao aumento dos preços da energia, junto de outros governantes.

Há meses que Madrid pede aos seus parceiros europeus que mudem o mecanismo que une os preços da eletricidade ao mercado do gás, mas até agora os seus apelos não foram ouvidos, apesar do apoio de Paris.

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