Milhares de militantes antifascistas italianos manifestam-se em Macerata
Milhares de pessoas desfilaram hoje contra o fascismo, sem incidentes, em Macerata, uma semana após o tiroteio de caráter racista que provocou seis feridos nesta pequena cidade do centro da Itália, sujeita a medidas de segurança por receio de confrontos.
Outras concentrações também decorreram pelo país, incluindo em Milão, onde uma manifestante exibia um cartaz onde implorava: "Estrangeiros, não nos deixeis sós com os fascistas", referiu a agência noticiosa France-Presse (AFP).
Em Piacenza (norte), registaram-se breves confrontos entre várias dezenas de manifestantes antifascistas e forças policiais.
Em Macerata, onde as autoridades receavam incidentes, os manifestantes, alguns provenientes de outras regiões, responderam ao apelo de organizações antifascistas, organizações não governamentais, sindicatos, mas também de diversas formações políticas de esquerda.
No cortejo (calculado em 10.000 pessoa pelas autoridades e em 30.000 pelos organizadores), muitos agitaram bandeiras vermelhas e negras e entoaram clássicos como "Bella ciao", mas alguns também exibiam bandeiras italianas.
Há uma semana, Luca Traini, um homem jovem de cabelo rapado e tatuagens de inspiração fascista, disparou sobre uma dezena de africanos em diversos locais da cidade, provocando pelo menos seis feridos.
Luca Traini afirmou ter agido para vingar a morte de Pamela Matropietro, uma jovem de 18 anos cujo corpo foi descoberto cortado em pedaços, após o anúncio da prisão de um 'dealer' nigeriano suspeito de envolvimento neste crime.
Dois outros nigerianos foram detidos, posteriormente, e o procurador anunciou hoje que o inquérito está "encerrado" e se tratou provavelmente de um homicídio voluntário, enquanto também admitia a tese de uma 'overdose'.
A três semanas das eleições legislativas de 04 de março, este crime e o tiroteio racista colocaram o tema da imigração no centro de uma campanha eleitoral dominada por discursos muito à direita.